5º Domingo da Páscoa

Act. 14, 20-26; Ap. 21, 1-5; Jo. 13, 31-35
Os novos céus e a nova terra
Quando Judas sai do Cenáculo para iniciar todo o processo que levará Jesus até à morte na cruz é quando Jesus diz que chegou o momento da Sua glorificação. Segundo os nossos manuais de história, os heróis, os gloriosos são aqueles que venceram, nem que, para isso, tenham matado e maltratado os que consideravam “inimigos”. Jesus diz que a sua glória não está em destruir aqueles que lhe fazem mal, mas em dar a vida por eles. Quer dizer que, para Jesus, a glória não está em vencer: está em ser vencido. Lembramos que ele já tinha dito: “quem perder a vida por minha causa, ganhá-la-á” (Mt. 16,25).
Neste render-se perante a violência e o mal está a grande vitória de Jesus. Esse render-se exige mais força e dignidade humana para dominar o poder do ódio e da vingança, do que deixar-se levar pela fúria da ira descontrolada. Quem, na sociedade, às vezes aparece como forte e poderoso, afinal pode ser muito fraco e desumano. É por essas e por outras que a justiça de Deus tantas vezes nos parece injusta. O misericordioso não é fraco: é um herói! Perdoar não é perder: é ter um coração grande! Lavar os pés aos irmãos não diminui a grandeza humana: aumenta-a! Trabalhar e sacrificar-se (na família, na sociedade, na Igreja) sem esperar agradecimentos ou recompensas não é empobrecer: é ficar mais rico! É precisamente quando morre que Jesus ressuscita! Esse é o mandamento novo, que não é imposto, mas nasce de um coração novo, no qual entrou o Espírito de Jesus. Não sei bem se eu, que sou padre, acredito muito nisto. Talvez acredite na teoria, mas na prática!?!…
No entanto é assim que se constroem os novos céus e a nova terra, a nova Jerusalém, bela como a noiva no dia do seu casamento, de que fala o Apocalipse. Ela não se constrói com a minha mentalidade humana e mesquinha: ela desce do Alto; nasce do testemunho activo d’Aquele que veio de Deus. O mundo renovado é fruto da abnegação do Filho do Homem “que se humilhou até à morte e morte de cruz. Por isso Deus o exaltou…” (Fil. 2, 8-9).