Diante da Lei de Moisés é fácil comportarmo-nos como escravos: cumprimos só o que está exigido, por medo do castigo. A Lei também só impõe o mínimo que se deve fazer para não receber castigo, mas não estimula a liberdade para amar sem limites. Só o Espírito de Jesus abre novas possibilidades para fazer mais e melhor – como nos ensina o Evangelho de hoje. E a liberdade leva-nos a assumir as nossas responsabilidades no bem ou no mal que escolhemos fazer, com todas as suas consequências – como diz a primeira leitura.
Jesus cumpriu tudo o que mandava a Lei de Moisés, mas com um espírito novo, com um coração super generoso. Por isso é que qualquer cristão precisa de interpretar a Lei (e todo o Antigo Testamento) não à letra, mas à luz de Jesus.
Cuidado, então, para não pensar que estamos a fazer o bem, quando não. Não é verdade que muitas vezes ficamos tranquilos depois de cometer adultério, depois de roubar, depois de dizer mentiras, só porque ninguém descobriu o mal que fizemos? Isso é liberdade? Isso é responsabilidade? Será que já somos bons por não matarmos nem roubarmos, por não faltarmos à missa nem andarmos com a mulher do vizinho? Será que Jesus se contentou em fazer só isso? Não deu ele a vida por aqueles que o maltratavam? Talvez não seja questão de arrancar um olho ou de cortar uma mão, mas o coração ainda precisa de mudar muito.