CENTRO CATEQUÉTICO “PAULO VI” DO ANCHILO

CENTRO CATEQUÉTICO “PAULO VI” DO ANCHILO

CENTRO CATEQUÉTICO “PAULO VI” DO ANCHILO

50 anos ao serviço da evangelização

Por Pe Massimo Robol

O Centro Catequético “Paulo VI” foi idealizado como uma estrutura polivalente que funcionaria também como Centro Pastoral.

A ideia de um Centro Catequético Diocesano datava de meados de 1968, mas só se tornou realidade em Janeiro de 1969, quando na reunião da Conferência Episcopal, realizada no Seminário de S. Pio X em Maputo, foi proposta a criação de três Centros Catequéticos: um no Norte para aquelas que são agora as Dioceses de Nampula, Lichinga e Pemba; outro no Centro para Beira, Quelimane e Tete e outro no Sul para as Dioceses de Inhambane, Xai-Xai e Maputo. Contudo, só na “Semana de Pastoral” realizada em Nampula a finais de Julho e início de Agosto de 1969 é que foi proposta definitivamente a criação de um Centro Catequético e de um Centro Pastoral.

A proposta tornou-se realidade a 14 de Setembro do mesmo ano, festa da Exaltação da Santa Cruz, com o decreto do Bispo da Diocese de Nampula, D. Manuel Vieira Pinto.Ele idealizava o Centro Catequético como motor de arranque para uma pastoral encarnada no povo e caraterizada pela participação ativa dos leigos.

Para a coordenação das várias atividades do Centro, pensou-se numa equipa intercongregacional, com a presença dos Missionários Combonianos, da Sociedade Missionária (Boa Nova), das Irmãs da Apresentação de Maria, das Irmãs Vitorianas, das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima e das Irmãs Missionárias Combonianas.

O Pe. Graziano Castellari, missionário comboniano, primeiro director do Centro, numa entrevista, recordava que os objectivos do Anchilo constituíram uma autêntica “profecia do futuro”.Ele sublinhava a importância“da formação de leigos que assumissem a responsabilidade do crescimento desta Igreja e descobrissem as formas particulares  e próprias de uma Igreja enraizada na própria cultura e no próprio povo. Naquele momento o Centro Catequético movia-se em três dimensões: catequistas, inculturação, liturgia. Cada uma destas três opções era um grande capítulo… Catequistas como sujeitos próprios de evangelização, e não simples delegados. Estudo da própria cultura e preparação dos novos missionários para amarem e respeitarem esta cultura, como um novo Belém onde Cristo continuava a incarnar-se. Colocar na mão dos cristãos a Palavra e a celebração dominical”.

Como opção pastoral, foi dada prioridade:à Palavra de Deus traduzida em lingua macua; à catequese com conteúdos atentos aos sinais dos tempos; à reorganização do caminho catecumenal; à caridade; à justiça epaz e à formação na Doutrina Social da Igreja; à liturgia; à organização das pequenas comunidades cristãs; à informação; à pastoral da saúde e à prevenção das doenças; ao diálogo com o Islão e com a religião tradicional; ao ecumenismo; à iniciação tradicional em contexto cristão.

O primeiro curso de dois anos para catequistas e suas esposas iniciou em 1970. No mesmo ano, foi fundado, no Centro Catequético do Anchilo, o Centro de Adaptação Missionária. O objectivo era preparar os missionários para o trabalho pastoral, através do estudo da língua, história, crenças religiosas, usos e costumes do povo macua, da história do país e da Igreja moçambicana, e das linhas da pastoral diocesana.

A 3 de Janeiro de 1971, fez-se o lançamento da primeira pedra do bairro dos catequistas. O projecto previa a construção de 40 casas.

Anchilo podia igualmente valer-se de um instrumento privilegiado de formação, informação e difusão das novas diretivas de renovação eclesial: a revista Vida Nova, fundada emMeconta, em 1960, com o nome de Boa Nova, por obra dos Padres da Sociedade Missionária (Boa Nova). Quando foi aberto o Centro Catequético no Anchilo, a revista passou a ser alí editada, com o atual nomeVida Nova.Em breve tempo tornou-se um importante meio de comunicação para os cristãos. Os assuntos foram desde o princípio temas bíblicos, de catequese, de formação cristã, de liturgia, de promoção da mulher, de justiça e paz, de educação, contando sempre com a participação ativa dos leitores através de cartas e contribuições pessoais enviadas à revista.Ao longo destes 60 anos de actividade, na revista Vida Nova sucederam-se vários directores, os Padres: Graziano Castellari, Cornélio Prandina, Francisco Antonini, Pier Maria Mazzola, António Bonato, João de Deus Martinez González, António Manuel Constantino Bogaio, Tiago Palagi, Victor Hugo Garcia Ulloa.  Atualmente, a equipa de redação é composta pelo Pe.António Bonato, missionário comboniano e Pe. Cantífula de Castro, do clero diocesano de Nampula. Importantes colaboradoras foram também as Irmãs Missionárias Combonianas: Pina Scanziani, Daniela Maccari e Marcela Moncayo.

Posteriormente, colaboraram na revista as Irmãs de Nossa Senhora da Paz e Misericórdia: Deolinda Maria Edmundo Pires,Aida Gonçalves do Rosário e Natália José Toqueleque. Lembramos também a figura do Ir. Edgar Costa Marques, dos Missionários da Boa Nova, pelo incansável trabalho de impressão da Vida Nova.

Juntamente com a revista, conquistaram também grande importância as edições do mesmo Centro. Foram imprimidos em língua macua textos sagrados e devocionais, catecismos e documentos da Igreja e subsídios para os vários ministérios das comunidades cristãs. Principal organizador destas traduções foi o Pe. Gino Centis, coadjuvado por alguns colaboradores, entre os quais os Padres Ambrogio Reggiori, Cornélio Prandina, Pier Maria Mazzola e o Sr. Daniel Sitora, que merece um agradecimento particular, pela sua dedicação e fidelidade ao serviço do Centro.

Entretanto, nasceu tambémo Centro de Saúde do Anchilo, para responder às necessidades de assistência sanitária das famílias dos catequistas em formação. Em seguida, esta assistência estendeu-se também às populações vizinhas. O Centro de Saúde contou desde o princípio com a presença das Irmãs Missionárias Combonianas, entre as quais merecem um particular agradecimento as Irmãs Giulia Costa, Maria Pedron, Laura Malnati e Gabriella Visentin, que garantiram um apóio solícito e constante à população local.

O Centro Catequético tornou-se um ponto de referência para a pastoral da Diocese, graças à presença e ao trabalho incansável de muitos missionários, missionárias e leigos comprometidos que colaboraram nas várias actividades e âmbitos de trabalho próprios desta realidade diocesana.

No que diz resepito ao Centro Catequético, desde 1969 até 1975 estiveram presentes os Padres da Sociedade Missionária (Boa Nova): Pe. José Maria Luís da Silva, Pe. António Pires Prata e Pe. José dos Santos Guedes. As Irmãs da Apresentação de Maria: Rosa Gouveia, Inês Vascocelos e Pauline Sevigny, assim como a Ir. Domingas Pestana das Irmãs Vitorianas e a Ir. Beatriz Marques das Irmãs Servas de Nossa Senhora de Fátima. Desde 1973 até 2009 trabalharam no Centro Catequético as Irmãs Missionárias Combonianas, desenvolvendo vários serviços no acolhimento, nos cursos de formação, no Centro de Saúde, na Revista Vida Nova: queremos lembrar e agradecer as Irmãs:Modesta Criado Lobato, Giulia Costa, Otília Balula, Giannadele Angeloni, Maria Pedron,  Giancarla Larghi, Maria De Coppi, Giuseppina Scanziani, Teresina Minelli,  Maria del Amor Más Puche, Daniela Maccari, Flavia Rech, Clarisse Neves da Conceição, Maria de Jesus Tomé Flores,Maria Blanchetti, Laura Malnati, Marcela Moncayo, Teresa Passagem, Gabriella Visentin.

Desde Dezembro de 2009 até Janeiro de 2016 estiveram as Irmãs de Nossa Senhora da Paz e da Misericórdia, nomeadamente as Irmãs: Hermínia Paulo da Cruz, Célina Paulo, Cristina José António, Ana Maria Manuel, Deolinda Maria Edmundo Pires, Aida Gonçalves do Rosário, Natália José Toqueleque, Filomena Daniel e naquela época as noviças Florinda Pedro, Lúcia Daniel, Miséria José Cardoso, Tánia Fernando Artur.

De 2016 até Dezembro de 2017 estiveram no Centro as Irmãs Do Sagrado Coração de Maria de Lichinga: Avelina Muaculher, Marcelina Simão, Erieta Joaquim, Deolinda Manuel e Inés Francisco João Inguane.

Os Missionários Combonianos estiveram presentes no Anchilo desde 1969, garantendo a continuidade na direção do Centro e nas outras actividades. Os directores que se sucederam foram os seguintes Padres: Graziano Castellari, Cornelio Prandina, Danilo Cimitan, Francisco Antonini, Jeremias dos Santos Martins, Jerónimo Alberto Vieira da Costa,Manuel Lopes Ribeiro, Firmino Cusini, Tiago Palagi, Benjamin Guivi Yaovi e, actualmente, o Pe. Massimo Robol.

Outros missionários combonianos que contribuiram de forma significativa ao desenvolvimento do Centro, para além daqueles já mencionados, foram os Irmãos Luís Coronini, Silvano Bergamini, João Tomás, Silvério Maria dos Santos, Alfredo da Costa Afonso, Alberto Ascari,Ruggero Moretto, Jesus Perez Cuevas, Arístides Holgado Salvide, e actualmente, o Ir. José Francisco Duarte da Cunha Neto;além dos Padres: Gino Pastore, Ambrósio Reggiori, Gianluca Contini, Mateus Jacob Albino, António Campanini.

A partir de Julho de 2018 começou o processo de passagemda gestão do Centro Catequético, dos Missionários Combonianos para a Arquidiocese de Nampula,com uma nova equipa coordenadora formada por Missionários Combonianos e por dois Padres diocesanos: Pe. Cantífula de Castro ePe. Pinho dos Santos Afonso Martins.

Ao abrirmos o ano jubilar do Centro Catequético “Paulo VI”, que tem como lema “50 anos ao serviço da evangelização”,queremos fazer deste acontecimento um tempo de reflexão e aprofundamento da finalidade do Centro Catequético como lugar de encontro e formação. Teremos um ano marcado por vários eventos, com o objectivo de olhar para a história com espírito crítico e inspirador. Ao mesmo tempo queremos apontar novos horizontes no “caminho de uma conversão pastoral e missionária, que não pode deixar as coisas como estão” (Papa Francisco, Evangelii Gaudium, 25), favorecendo a renovação da acção evangelizadora da Igreja, através de uma “capacidade sempre vigilante de estudar os sinais dos tempos” (Paulo VI, Ecclesiam suam, 19).

A revistaVida Nova completa também 60 Anos de atividade. A cerimónia de aniversário vai contar com o lançamento da página web da própria revista.Esse lançamento terá lugar depois desta Celebração Eucarística, no salão principal do Centro, onde será também abençoada uma placa comemorativa em memória do Pe.Graziano Castellari, primeiro director do Centro Catequético e Pe. Gino Centis, promotor da tradução e publicação de textos sagradosem língua Macua.

Desde jà, queremos manifestar a nossa gratidão a todos aqueles que contribuiram para o desenvolvimento das actividades do Centro Catequético; aqueles que apoiaram com meios financeiros; aqueles que fizeram com que o Centro Catequético desenvolvesse o seu serviço específico, nomeadamente: os catequistas, os agentes de pastoral, as famílias, os jovens e todos os leigos empenhados no crescimento das comunidades cristãs através dos vários ministérios.

De modo particular, reconhecemos o contributo inicial e o contínuo acompanhamento de D. Manuel Vieira Pinto, ao qual vai a nossa gratidão.

Que Nossa Senhora, Maria Mãe da África, nos proteja e interceda por todos nós! E que o Espírito Santo nos impulsione na nossa missão, animando-nos para os próximos anos de caminhada, sempre ao serviço da evangelização.

Anchilo, 20 de Outubro de 2019

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