Grito da terra, grito dos pobres
A semana da Laudato Si ‘, que celebrámos no passado mês de Maio para recordar o 5º aniversário da publicação da encíclica Laudato Si’ de papa Francisco, teve como tema “Tudo está conectado” procurando assim envolver todas as comunidades católicas espalhadas nos diferentes continentes no mesmo projecto.
A semana foi uma proposta concreta para várias instituições religiosas para reflectir e construir um futuro mais justo e sustentável para a Terra e para a humanidade, seguindo as linhas indicadas pela própria encíclica. A iniciativa terminou com um dia mundial de “oração comum pela terra e pela humanidade” que também marcou o começo do Ano Especial dedicado à Laudato si‘ com objectivo de propor um compromisso público comum com a “sustentabilidade total” a ser alcançada em 7 anos.
Considerando a realidade que o Covid-19 provocou nas diferentes partes do Mundo, o Dicastério para o Serviço e o Desenvolvimento Humano Integral, com o apoio de um grupo de parceiros católicos planeou várias iniciativas on-line e durante a semana, pessoas empenhadas na defesa da Casa Comum participaram de treinamentos on-line e seminários interactivos, reflectindo sobre o assunto e aprofundando seu compromisso de salvaguardar a Criação e promover uma ecologia integral.
Na mensagem de Papa Francisco para ocasião da semana é realçado o papel de cada pessoa na salvaguarda do ambiente: “Que tipo de mundo queremos deixar para os que vierem depois de nós, para as crianças que estão crescendo?… Renovo o meu apelo urgente para responder à crise ecológica, o grito da terra é o grito dos pobres e não podem mais esperar. Vamos cuidar da criação, um presente do nosso bom criador Deus ”.
Em cinco anos desde a publicação da Laudato Si ‘, milhares de comunidades em todo o mundo adoptaram acções destinadas a concretizar a visão de ecologia contida na Encíclica. Mas a crise ambiental é tão séria que é preciso fazer mais. Ninguém pode se sentir omitido de acções mais corajosas e impactantes nas várias instituições religiosas.
Os ensinamentos da Encíclica são particularmente relevantes no contexto actual da pandemia de coronavírus: “A pandemia afectou em todos os lugares e nos ensina como apenas com o compromisso de todos podemos levantar e derrotar até o vírus do egoísmo social com os anticorpos da justiça, caridade e solidariedade. Ser construtores de um mundo mais justo e sustentável, de desenvolvimento humano integral que não deixa ninguém para trás”.
O 5º aniversário de Laudato Si coincide com dois grandes eventos mundiais relacionados ao compromisso de combate a crise ambiental: o prazo final para os países anunciarem seus planos de alcançar os objectivos de ‘O acordo de Paris sobre o clima”, e também com a conferência das Nações Unidas sobre biodiversidade a realizar-se ao longo do ano, a fim de proteger os lugares e espécies que sustentam a vida no planeta.
A profunda conversão para trabalhar pela justiça social, económica e ambiental e para a mudança do estilo de vida de cada um, através de várias iniciativas no nosso contexto Moçambicano, nos vai ajudar a colocarmo-nos em rede no cuidado a Casa Comum. Tutelar, cuidar e amar a nossa mãe terra é criar as bases de um futuro sustentável para as gerações vindouras.
Texto da papa-francesco enc. laudato si