COMPRA-SE O QUE ESTÁ NA MONTRA

COMPRA-SE O QUE ESTÁ NA MONTRA

Por Kant de Voronha

A realidade actual mostra-nos que o mundo está com pernas para o ar e cabeça para baixo. ??Há de tudo e menos nada??. O mundo feminino está registando mudanças significativas que ninguém poderá devolver às bases originais. Vivemos no tempo da globalização da nudez, das roupas sensuais, transparentes e, se possível, curtas. Não se trata de uma moda que só atinge as jovens porque mesmo as mamãs, as avós etc., vestem-se de forma envenenada pela globalização. Parece que a camada juvenil aprende com as mais velhas e assim se constroem os laços e as estruturas sociais do nosso tempo.

Certo dia, por volta das 16h começava o cenário de “hora de ponta”. O corre-corre dos carros e toda a moldura humana agitavam-se de volta para suas casas. Na ocasião, na paragem do autocarro, estava uma rapariga que usava uma mini-saia muito apertada. Quando o chapa-cem chegou e era a sua vez de entrar, aquela menina apercebeu-se que a saia estava tão apertada que ela não conseguia levantar a perna o suficiente para chegar ao primeiro degrau do carro. Tentando arranjar uma maneira de conseguir levantar a perna ela recuou, olhou o mundo masculino a sua volta, esticou os braços para trás e desapertou um bocadinho o fecho da saia. Ainda assim não conseguia chegar ao degrau… Embaraçada, recuou novamente e esticou os braços para trás das costas para desapertar um pouco mais o fecho. Ainda assim não conseguiu subir para o primeiro degrau…

Então, recuou novamente, esticou os braços para trás e desapertou completamente o fecho da saia. Pensando que desta vez ia conseguir, levantou novamente a perna, apenas para descobrir que ainda não conseguia alcançar o degrau… Vendo como ela estava embaraçada, o homem que estava atrás dela na fila do autocarro, pôs as suas mãos à volta da cintura dela, levantou-a e pousou-a no primeiro degrau do autocarro.

A menina, toda ela vaidosa, virou-se furiosa e perguntou: – “Como se atreve? Eu nem sequer o conheço…” Chocado com a situação, o homem respondeu-lhe:

– “Bem, minha senhorita, eu pensei que depois de ter recuado e ter desapertado a portinhola três vezes, bem, pensei que já éramos pelo menos amigos…” Os passageiros à sua volta “mataram-se mortalmente” de risos e uma “cota” que ali estava sentadinha a vender dois pedacinhos de mandioca rasgou gargalhadas até mostrar-me toda gengiva da sua boca. Aquela velhota trajava cabelos brancos, um molho de rugas na sua cara e uma saia deixa o homem sofrer. Num à vontade disparou: “meninas do século XXI”.

Ora, aonde vamos com a cultura de mini-saias? Quem deve ajudar a quem? Se a mãe se veste muitíssimo mal, o que fará a sua filha? Para onde foram os valores culturais da mulher moçambicana, revestida de capulana?

É verdade que na linguagem comercial compra-se o que está visível na montra. Mas, o corpo humano é sagrado, merece toda dignidade possível. De facto, como alguém disse um belo dia, “… tudo o que Deus fez valioso neste mundo está bem coberto e é difícil ver, encontrar ou obter”. É só ver que os diamantes, as pérolas, o ouro e outras coisas preciosas só se encontram lá no fundo, cobertos e protegidos. Para achar é preciso suar, transpirar, sofrer, sacrificar-se. Aquilo que se acha sem sacrifício, raramente se valoriza convenientemente.

Pois, a experiência nos ensina que naqueles lugares onde os recursos minerais estão descobertos na superfície da terra, sempre atraem um grande número de mineiros ilegais que exploram ilegalmente. Vestir-se bem e de forma decente é uma virtude.

Querendo ou não, a mulher domina o mundo com a sua presença. Dei-me conta que as mulheres são muitas e unidas. Elas estão em grande número em quase todas as partes onde há pessoas. São elas que enchem os funerais, as igrejas, as mesquitas, os mercados, as escolas e as machambas. São elas que fazem o “stique” e se confiam. São elas que mantêm os lares, etc. Infelizmente são elas também que se vestem mal, colocam a sua mercadoria na montra procurando clientes para comprar.

E se elas aparecem em tudo, onde ficam os homens? Ahhh! Eles morrem encolhidos nas suas ideias de mais fortes. São, por vezes, mais preguiçosos. Poucas vezes vão às igrejas ou mesquitas, não vão aos funerais porque pensam que estão mais ocupados. Porém, enchem as barracas onde se bebe, enchem as discotecas e outros lugares onde há menos sacrifício a suportar. E aí retesam as suas armadilhas para espreitar as mini-saias.

Uma autêntica vergonha, mais homens a beber nas barracas ou que passam a vida na mais pura ociosidade. Este é um dos piores vícios que está a afundar os homens de todas as idades, incluindo jovens do sexo masculino que se destroem com tentações como Boss enquanto as suas irmãs vão se dedicando a coisas mais úteis nas famílias. Então tinha razão um tal académico português, quando dizia que “no dia em que cada uma e todas as mulheres tiverem sido educadas, o mundo estaria salvo”. E mais não disse!

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