LITURGIA DO DIA
As dores de Maria e as Marias das dores
Inspirado pelo livro do Pe. Mauro Odoríssio, missionário Passionista, na festa de Nossa Senhora das Dores, faço uma reflexão que poderá nos ajudar a ser mais humanos.
Celebramos a festa da Mãe das Dores, 15/09, após a festa da Exaltação da Santa Cruz, dia 14/09.
Para se desvendar o mistério que vivemos de violência dos direitos humanos, caiu como um pano quente, o vídeo que circula nas redes sociais de acto desumano, quando um grupo de homens armados e fardados executam sem remorso uma mulher.
Apesar de ser um vídeo agressivo, para que chegássemos a ciência o quanto estamos indo ao lado extremo, insistimos em ver cada detalhe.
Lançamos algumas perguntas:
1. Onde acharam aquela mulher?
2. Que mal ela cometeu?
3. Por que tiraram a sua roupa e deixaram nua?
4. Por que decidiram gravar e postar nas redes sociais?
5. Qual é a finalidade dessa ação fria e cruel?
6. Por que mataram aquela mulher que parecia indefesa e sem sinal de perigo a ninguém?
7. Onde estão os homens que a deixaram naquela condição de indefesa ?
Se os que fizeram aquilo querem mostrar o empenho e a força que têm, saibam que ao contrário, não representam a nenhum homem que nasce de uma mulher e por tanto carinho é alimentado e educado.
Se o grupo que fez aquele acto bárbaro quer mostrar a heroicidade de ter achado, como no vídeo gritam, uma Al shabab, saiba que em Moçambique temos a Justiça, temos os tribunais que deveriam analisar e se for culpada condena-la.
Fazer justiça pelas próprias mãos é crime.
Usar as armas para vingança pessoal é crime.
Se fazer de um militar que defenderia ao povo e no lugar, provocar horrores, é crime.
Há quase três anos que estamos a vivenciar o terrorismo em Cabo Delgado.
Os defensores dos Direitos Humanos denunciam a violação dos direitos fundamentais da pessoa humana.
Sabemos da intensidade da guerra e o que gera, mas exibir actos de guerra para qualquer fim, é um acto em si, condenável porque a vida é dom de Deus.
Não defendemos nenhum terrorista e sabemos o que está a causar nessa parcela do país.
O que queremos mesmo fazer é mostrarmos minha indignação quanto ao comportamento de quem sai para guerra para defender mas usa a ocasião para aprontar filmes de terror.
As dores de Maria e as Marias das dores foram atingidas por aquele vídeo em que executam uma mulher como se com aquela ação terminaria hoje a guerra.
Sabemos da complexidade dessa guerra e dos imensuráveis danos que cada dia provocam.
Mas por favor, vamos cuidar das nossas Marias das dores porque cada dia choram ao ver seus filhos morrendo, executados, usados, degolados e instrumentalizados.
Pedimos às autoridades das Forças de Defesa e Segurança que encontrem o responsável por aquele acto insuportável de ver nem de ouvir que acontece em Moçambique.
Que não se crie ambientes de novo Afeganistão nem nova Síria nesta praia amada.
Queremos voltar a sonhar com um país de paz e tranquilidade.
Apoiamos o esforço de se repôr a normalidade da vida em Cabo Delgado e tanto esforço e dedicação de nossos irmãos militares de boa vontade e reputação.
Que não se tolere infiltrados que vão manchar o bom nome dos militares governamentais a serviço do país.
Que não se aceite oportunistas que ferem o bom nome de Moçambique.
Não se admita que haja um grupo de homens que jogam na cara os males contra o governo e seus líderes.
Queremos, como irmãos, combater todo mal. Mas saibam que nunca se elimina o mal com outro mal. Porém, deve-se usar caminhos apropriados para o fim da guerra que envolve o diálogo e reconciliação.
Que as lágrimas de muitas Marias das dores cheguem até ao nosso Deus que venha em nosso auxílio.
Venha nosso Deus e toque os corações endurecidos e haja arrependimento e remorso pelos males cometidos.
Que Nossa Senhora das Dores interceda por todas as pessoas que a esse momento que escrevemos são vítimas da guerra e da violência.
Deus cure a todos!
Deus salve Moçambique
(Por Pe. Kwiriwi, CP)