A coragem da Paz e o compromisso da Missão

A coragem da Paz e o compromisso da Missão

Continuamos a apresentação da Carta pastoral da CEM no que se refere à Igreja de Moçambique acompanhando o ensinamento do Papa Francisco.

Como chuva fecunda são as palavras que o Papa deixou para a Igreja moçambicana: «Os tempos mudam e devemos reconhecer que muitas vezes não sabemos como inserir-nos nos novos tempos e nos novos cenários» (24).  «A vocação da Igreja é evangelizar; a identidade da Igreja é evangelizar… O que se deve procurar é que a pregação do Evangelhose expresse com categorias próprias da cultura onde é anunciado e provoque uma nova síntese com essa cultura» (25).«Porque as distâncias, os regionalismos e os partidarismos, a construção constante de muros, minam a dinâmica da encarnação, que derrubou o muro que nos separava. Vós, que fostes testemunhas de divisões e rancores que acabaram em guerras, tendes de estar sempre dispostos a «visitar-vos», a encurtar as distâncias. A Igreja de Moçambique é convidada a ser a Igreja da Visitação; não pode ser parte do problema das competências, menosprezos e divisões de uns contra os outros, mas porta de solução, espaço onde sejam possível o respeito, o intercâmbio e o diálogo». (26)«É preciso sair dos lugares importantes e solenes; é preciso voltar aos lugares onde fomos chamados, onde era evidente que a iniciativa e o poder eram de Deus. Nenhum de nós foi chamado para um lugar importante. Às vezes sem querer, sem culpa moral, habituamo-nos a identificar a nossa actividade quotidiana de sacerdotes, religiosos, consagrados, leigos, catequistas com certos ritos, com reuniões e colóquios, onde o lugar que ocupamos na reunião, na mesa ou na aula é de hierarquia». (27) «A renovação do nosso chamamento «passa, muitas vezes, por verificar se os nossos cansaços e preocupações têm a ver com um certo «mundanismo espiritual» ditado «pelo fascínio de mil e uma propostas de consumo a que não conseguimos renunciar para caminhar, livres, pelas sendas que nos conduzem ao amor dos nossos irmãos, ao rebanho do Senhor, às ovelhas que aguardam pela voz dos seus pastores». «Renovar o chamamento passa por optar, dizer sim e cansar -nos com aquilo que é fecundo aos olhos de Deus, que torna presente, encarna o seu Filho Jesus». (32) «Jesus não nos convida a um amor abstracto, etéreo ou teórico… O caminho que nos propõe é o que Ele percorreu primeiro, o caminho que o fez amar aqueles que o traíram, julgaram injustamente aqueles que o matariam». (34) «Jesus convida a amar e a fazer o bem… Pede-nos também que os abençoemos e rezemos por eles; isto é, que o nosso falar deles seja um bendizer gerador de vida». (35)

Também a Igreja Católica em Moçambique é uma terra fértil, mas sedenta e, por vezes, rochosa. É uma «Igreja abençoada pelo martírio e testemunho dos seus cristãos. Laicado comprometido pastoralmente numa Igreja ministerial. Rede de comunidades cristãs presente em todos os distritos do país.Celebrações litúrgicas enriquecidas pela riqueza cultural do povo.

Muitos católicos presentes na vida social e política. Presença significativa e profética da Igreja na sociedade. Presença e empenho da Igreja na educação, na saúde e em outras áreas. Aumento de vocações nativas para a vida consagrada e sacerdotal. Trabalho silencioso de muitos missionários nas zonas recônditas do país.Episcopado e Igreja Católica unidos. Esforço da Igreja para o diálogo.» (37)

O Evangelho chegado a Moçambique como pequena semente tornou-se árvore frondosa. Acolhemos como graça de Deus ser Igreja neste povo. (38)

Porém, há ainda muita estrada a percorrer porque temos uma Igreja não sempre preparada para fazer frente aos desafios que a realidade nos apresenta e aos anseios dos jovens. Insuficiente formação, consciência crítica e sensibilidade social. Mais ocupada em “atender” do que em transformar; em “fazer coisas” do que em ser testemunha. Mais preocupada na auto-subsistência do que na evangelização. Catequese insuficiente para formar autênticos discípulos de Cristo. Falta de testemunho e coerência entre a fé e a vida (na família, no serviço, na vida social e nos cargos públicos).Falta de proximidade, entusiasmo e entrega apostólica de muitos consagrados. (39)

Os frutos esperados: Igreja com consciência cristã comprometida e missionária

Consolidamos: a nossa identidade e missão que é evangelizar: conduzir à experiência de Deus com uma formação adequada, vivendo uma pastoral de proximidade e misericórdia, fazendo de todos os baptizados, nomeadamente dos jovens, discípulos missionários. (42) A Igreja Católica em Moçambique quer empenhar-se, segundo as orientações deixadas pelo Papa Francisco, na renovação da vida pastoral, através de uma acção pastoral que coloque o sentido da missão em todas as suas iniciativas: pastoral da visitação, missões populares, missão jovem, formação dos agentes de pastoral, etc. (43) Para isso, vamos programando a IVª Assembleia Nacional de Pastoral para acolhermos juntas as indicações do Santo Padre e sermos cada vez mais uma Igreja “em saída”, uma “Igreja da visitação”. (44)

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