MOÇAMBIQUE É TERRA DE LOUCOS (Parte I)
Poderá alguém sentir-se ofendido por causa do título desta crónica pelo facto do autor generalizar que Moçambique é terra de loucos? Se se sentiu incomodado então saiba que está de parabéns porque podes ser menos louco ou mesmo estás bem saudável.
Mas calma aí. De que loucura eu aponto? Em que consiste chamar ao meu país terra de loucos?
- Loucos por um mundo melhor
Por muitos anos, Moçambique, o povo tem lutado loucamente para ver o país em boas condições socioeconómicas.
No entanto, há uma corrente de gente que pensa que os moçambicanos estão a servir um punhado de folgados que imaginam no seu próprio umbigo.
Há impostos como outros países mas parece que ninguém fiscaliza a aplicação desses impostos. Introduzem portagens como noutros países, mas caso de Moçambique muitas estradas foram invadidas por buracos. Constroem escolas e hospitais mas não cuidam da manutenção ou aprovam a um empreiteiro que deixará o tio Nyusi chateado na hora de uma suposta inauguração. Não enganam o homem porque de qualidade de uma obra, ele entende.
Se formos a avaliar detalhe por detalhe poderemos escrever volumes de crónicas.
Sim, Moçambique está louco em ver um mundo melhor mas falta ainda caminhos claros que permitirão atingir os objectivos. Nunca usar “shot ways”, corta matos para chegar a meta.
- Louco por um Moçambique de paz
Estamos no início do ano, e por sinal, cada um traça sua meta anual. Mas será que cada um inclui também a conquista de uma paz interior?
A guerra em Moçambique pode ser devido ao problema das “guerras interiores” que muita gente produz nas suas vidas. Para que haja uma paz efetiva proponho alguns passos.
2.1. Loucos por um Moçambique de Humildes
Deve haver em cada um de nós a humildade na nossa convivência, no trabalho, na família e em cada encontro com o outro.
A ideia de pensar-se que só o “eu” tem razão, é criar uma vereda que levará a conflito e a posterior guerra.
Ser humilde é ter a capacidade de rebaixar-se diante de alguém seja menor que nós ou mais pobre que nós. Seja, primeiro, humilde se quer ver um país livre de guerra.
2.2. Louco por um Moçambique de Diligência
É fácil encontrar alguém que quer ser rico, mas não faz menor esforço para ser rico. Vai ao serviço mas trabalha porque está diante do chefe ou porque foi pressionado para apresentar evidências do trabalho, produtividade etc.
Como iremos ver Moçambique rico se muita gente quer emprego, porém não trabalha? Não basta pedir ao tio Nyusi que crie empregos se pouca gente se preocupa em doar-se no trabalho. Aliás, os poucos que se dedicam podem ser zoados de que trabalho é do pai deles.
Algumas pessoas se tornam ricas por trabalhos obscuros e obtenção de dinheiro ilicitamente. Outras se unem aos terroristas para ganharem dinheiro facilmente.
O país é seu, meu e nosso. Portanto, deve haver entrega à causa se todos queremos ser loucos por um Moçambique de diligentes, país livre da pobreza extrema.
2.3. Louco por um Moçambique menos pobre
Que haja desapego, partilha e solidariedade no meio dos contemporâneos.
A vontade de se ter tudo aniquila o desejo de ser uma pessoa humana.
Acredite se quiser mas, em Moçambique, que no ranking internacional ocupa um dos dez países mais pobres do mundo, há gente que cada dia se torna mais rica e tem bens que distribuindo equitativamente ninguém passaria um dia sem pão em casa. A que se deve isso? A ganância e o egoísmo estão a sobressair cada vez mais. Atenção, se estamos loucos em ver um país de paz, por favor, partilhe seus bens e seja solidário com os necessitados. Não julgue os pobres mas promova-os para que eles tenham no mínimo pão nas suas casas. Por enquanto paramos aqui e retomaremos a reflexão noutro areópago.
Servo inútil. Pe. Fonseca Kwiriwi, CP