Moçambique precisa de uma cura urgente

Curar-se de uma ferida exposta é fácil porque além da dor, pode também provocar mau cheiro ou atrair moscas.
A cura que vamos partilhar nesta breve crónica é de uma ferida que vem corroendo a cada moçambicana e moçambicano sem perceber ou fingindo que não percebe.
O pior somos nós que fingimos que não sabemos, fingimos que estamos bem, fingimos que não temos ferida, porque arrastamos os demais ignorantes e consequentemente tornaremos o país num centro de tratamento de feridas incuráveis.
Vamos aos pontos para que cada um perceba que é de facto urgente que assumamos que estamos feridos e precisamos da cura o mais rápido possível.
1. Guerras contínuas
Precisamos de cura de várias guerras que vêm se arrastando e ultimamente tem sido quase um hábito de vivermos na e de guerra.
São poucos anos que passamos sem nenhuma guerra. Aliás é difícil lembrar que passamos algum tempo sem guerra.
Basta lembrar que desde 1964, a luta dos dez anos de libertação do país, até aos nossos dias, quase sempre respiramos de guerra.
Algumas pessoas que se acham que têm ou são donos da razão de provocar guerra como forma de reivindicar seus direitos, não usam da razão para dialogar e encontrar soluções.
A guerra não é e nunca será o caminho para se chegar ao consenso, pois temos acompanhado que só perdemos concidadãos inocentes e destroem muitos bens.
O país, além de perder milhares de irmãos, de crianças e mulheres inocentes, de jovens sem a realização dos seus sonhos, provoca traumas, pânicos e feridas de difícil cura por serem guerras entre irmãos e guerras contra os nossos bens.
A miséria cresce cada minuto porque não há tempo suficiente para reconstruir o capital humano que está totalmente degradado.
Temos que assumir essa ferida e buscarmos a cura que consiste em:
1.1. Diálogo entre o visado e a parte que se acha ter ofendido
Permitir que a conversa traga frutos de reconciliação e amadurecer a fraternidade.
1.2. Segurança nacional
O investimento na segurança nacional é urgente.
Reforço de pessoal e proteção das fronteiras terrestres e marítimas.
Não vamos esquecer da fragilidade das nossas fronteiras e a fama de acolhedores não deve ser o motivo de invadirem o país.
Que entre no país gente autorizada conforme a lei: entrada de turistas, missionários, funcionários e diplomatas.
1.3. Desarmamento e controle rigoroso de armas
Não deve ser permitido a posse de armas nas mãos de desconhecidos nem de pessoas mentalmente desafiadas.
A soberania de um país passa necessariamente pelo rigor no uso de armas e razões para compra de armas.
2. Calamidades naturais
O país está desprotegido. As políticas ambientais não favorecem, por exemplo, a resistência contra qualquer vento, qualquer seca ou um pouco mais de chuvas.
2.1. Construção de casas melhoradas
Milhares de moçambicanos vivem em casas precárias e por isso qualquer vento derruba facilmente. Deve haver política de investimento de casas a preços acessíveis mas resistentes.
2.2. Proteção de locais de grande risco
Não é lógico que haja gente que insiste em morar nas regiões de risco como nas margens de grandes rios ou em pântanos.
O governo tem poder de retirar essa gente e assentar em lugares mais seguros.
2.3. Monitoramento dos ciclones
Ultimamente, o país está de parabéns porque o instituto metereológico tem trabalho bem e conseguido avisar cada situação que se aproxima ora de chuvas ora de ciclones. O povo deve seguir as orientações para evitar que aconteça o pior.
3. Doenças frequentes
Em muitos países, há doenças que já não são nenhum problema porque conseguiram erradica-las.
A malária mata mais que as balas perdidas.
Milhares de crianças morrem em Moçambique devido à malária.
Nos hospitais já não há mais controle de quem morre ou sobrevive de malária.
Doenças diarreicas, como a cólera mata mais o ano todo.
A bebida de água não potável é a causa principal e muitas aldeias, o povo ainda continua a consumir água dos rios sem nenhum tratamento.
Deve haver vacinas dessas doenças. Deve haver controle epidemiológico e tratamento das águas para que o povo se previna das doenças.
Ainda presenciamos, nas cidades onde há condições de testes, a prevalência de doenças como febre tifoide e cancro. Entretanto, milhares de moçambicanos morrem sem saber do que morrem porque não há testes disponíveis para alguns tipos de doenças perigosas.
Como solução, as políticas de saneamento ambiental e medidas de prevenção devem ser aplicadas e intensificadas.
O povo deve ter acesso aos testes para evitar-se qualquer mal.
Tudo é possível basta ter vontade política .
Para hoje é tudo.
Vamos festejar o dia dos heróis e se também lutarmos para o bem de todos um dia vamos ser heróis anônimos. O que interessa é lutar sem armas para o bem do povo, principalmente, os excluídos.
Servo inútil, Pe. Fonseca Kwiriwi, CP.