IV ASSEMBLEIA NACIONAL DA PASTORAL
A caminho da IV ANP
A Igreja Católica, em Moçambique, no seguimento do trabalho de discernimento dos sinais dos tempos e de acompanhamento do povo moçambicano nos seus variados momentos, vai realizar em 2023 a IVª Assembleia Nacional de Pastoral (ANP) sob o lema “Reavivar o Anúncio e o Testemunho da Palavra de Deus Hoje”, cuja preparação estamos a iniciar, insere-se na pegada das anteriores Assembleias Pastorais procurando responder aos desafios pastorais do tempo actual.
A Iª ANP realizou-se em 1977 na Beira sobre as comunidades ministeriais; em seguida, em 1991 decorreu a IIª ANP sobre a consolidação da Igreja local, na Matola; e no ano de 2005 realizou-se a IIIª ANP sobre a Evangelização, também na Matola.
Como forma de animar as comunidades na preparação e participação activa deste evento da nossa igreja, a Vida Nova vai oferecer, a partir desta edição, os textos dos Lineamenta (Linhas gerais) destacando os vários temas aflorados pelo documento.
Participar é fundamental
A iniciativa da preparação e celebração da IVª Assembleia Nacional de Pastoral (2021-2023) visa criar uma experiência conjunta de escuta, discernimento e comunhão eclesial que coloque todo o Povo de Deus a exprimir o que as Comunidades Cristãs e os Católicos dispersos vivem em todo Moçambique. A partir daí, inspirados pelas soluções que o Espírito Santo suscitar no meio dos crentes, toda a Igreja Católica em Moçambique traça rumos de acção comum para uma pastoral de conjunto. Trata-se de juntos, como Igreja Família de Deus, elaborar linhas pastorais comuns, amadurecidas durante todo o caminho de preparação da IVª Assembleia Nacional de Pastoral.
Qual é o objectivo do documento dos Lineamenta?
O objectivo é encorajar e animar todos os agentes de pastoral a participar na reflexão para que se possa discutir, fazer um inventário pastoral e apresentar propostas de actuação.
Qual a função do documento dos Lineamenta?
-Ajudar a reflexão das Comunidades cristãs, Paróquias e Dioceses sobre os temas da IVa ANP.
-Fazer uma análise da situação, no plano da Igreja e da sociedade em geral.
-Buscar uma fundamentação teológica que abra pistas às iniciativas a propor à Igreja em Moçambique.
Qual o conteúdo dos Lineamenta?
Estrutura:
-Leitura da realidade
-Fundamentação Teológica
-Propostas Operativas
-Perguntas para a reflexão e partilha
Quais são os temas dos Lineamenta?
Os temas propostos e desenvolvidos nos Lineamenta são os seguintes:
- Missão: Ser Igreja em Saída, decididamente Missionária
- Diálogo entre o Evangelho e a Cultura
III. Catequese e formação cristã
- Pastoral da Família
- Pastoral Juvenil
- Os Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades
VII. O Desafio das Seitas e resposta pastoral
VIII. O Cristão e o compromisso social em Moçambique
- Auto-sustentabilidade da Igreja Local
- Os desafios do mundo digital para a Igreja e para a evangelização.
Qual a metodologia de trabalho?
Cada Diocese deve nomear uma Comissão Diocesana de Preparação da IVª ANP a qual é responsável pela animação do trabalho de preparação da Assembleia na Diocese.
Como primeiro trabalho, recomenda-se a tradução do texto dos Lineamenta nas principais línguas locais em uso na Diocese para uma melhor compreensão por parte de todos os intervenientes na reflexão e partilha a nível da comunidade cristã e paróquia.
Os Lineamenta serão estudados primeiro nas comunidades cristãs e nas zonas pastorais, devendo-se dar resposta às perguntas referentes aos temas. Em seguida, cada Paróquia, numa especial assembleia pastoral, fará a partilha e síntese das propostas apresentadas. A síntese diocesana das respostas aos Lineamenta será realizada pela Comissão Diocesana de Preparação da IVª ANP.
O mais importante nesta fase de preparação a nível diocesano é fazer um inventário da situação pastoral local (luzes e sombras) e apresente propostas pastorais pertinentes.
Missão: ser uma igreja em saída, decididamente missionária
- As pequenas comunidades cristãs ministeriais, sobretudo depois da Iª Assembleia Nacional de Pastoral (1977), ajudaram a Igreja em Moçambique a ser uma Igreja de base e de comunhão, “uma Igreja família, de serviços recíprocos, livremente oferecidos, uma Igreja no coração do povo que a faz sua, inserida nas realidades humanas e fermento da sociedade” (Ia ANP, n.1). As nossas paróquias são uma rede de comunidades, e assim conseguimos passar corajosamente de uma pastoral de manutenção para uma pastoral decididamente missionária.
Leitura da realidade
- A Igreja Católica em Moçambique, fruto da evangelização que remonta há cinco séculos, é por sua natureza missionária. Nos dias de hoje nota-se o enfraquecimento do espírito e dinamismo missionário nos evangelizadores e comunidades cristãs. A Igreja local moçambicana, perante os desafios da sociedade actual, tem a necessidade urgente de ser mais irradiante, apostólica, missionária. Para isso, é necessário organizar no contexto actual todas as nossas forças em vista de uma missão evangelizadora directa, abrangente, incisiva, generosa, audaz e à altura das necessidades. Trata-se do anúncio corajoso da Palavra de Deus que é acompanhado pelo testemunho de uma vida dedicada e de boas obras (Cf. At 4,29).
- Devemos, pois, aceitar o grande desafio que o Papa Francisco coloca a cada um de nós, na sua visita apostólica a Moçambique, no dia 5 de Setembro de 2019, na Catedral de Maputo: “A vossa vocação é evangelizar; a vocação da Igreja é evangelizar; a identidade da Igreja é evangelizar”. Ele nos convida a todos a sermos ousados e criativos na evangelização. Trata-se de colocar a Missão de Jesus no coração da própria Igreja, transformando-a em critério para medir a eficácia das nossas estruturas, os resultados do nosso trabalho, o nosso empenho de evangelizadores e a alegria que somos capazes de suscitar nos outros, porque sem alegria não se atrai ninguém.
Fundamentação teológica
- O Papa Francisco tem proposto no seu ensinamento a imagem de uma “Igreja em saída”, mobiliza-nos para uma acção comprometida com a evangelização dos povos, insiste em afirmar que a missão fundamental da Igreja é o anúncio do Evangelho (Cf. Evangelii Gaudium, 20-24). De facto, a Igreja Católica é por essência uma comunidade missionária. Continua e prolonga a comunidade apostólica, instituída por Cristo para anunciar a Mensagem (Mc 16, 15). Nascida da Palavra de Deus acha-se a serviço desta Palavra (Cf. 1 Cor 9, 16).
Pelo Batismo e pela Fé, o cristão católico torna-se membro da comunidade apostólica, dá continuidade à missão de Deus, o qual quer que todos os homens se salvem (Cf. 1 Tim 2,4). Pertencer à Igreja Católica é simultaneamente uma graça e uma responsabilidade, havendo, para cada cristão católico, o dever de colaborar na sua missão. É necessário transformar em actos a nossa vocação fundamental: baptizados e enviados em missão.
Perguntas para a reflexão e partilha
1) A leitura da realidade corresponde àquilo que se releva na Igreja e na sociedade de hoje? Quais são os aspectos que faltam e que devem ser tomados em consideração?
2) O que podemos aprender com a evangelização e os evangelizadores do passado (luzes e sombras, aspectos positivos e negativos) para sermos hoje uma Igreja em saída, decididamente missionária?
3) Considerais a vossa comunidade, paróquia e diocese uma Igreja toda ministerial e missionária? Quais são as suas manifestações e actividades?
4) Achais importante o Ministério da Visitação nas nossas comunidades cristãs, paróquias e dioceses? Porquê?
5) Existe na vossa comunidade e paróquia a visita às famílias para momentos de oração e bênção das famílias? Quais os resultados alcançados?
6) O que devemos fazer para ser cada vez mais “Igreja da visitação”, como nos pede o Papa Francisco, capaz de ir ao encontro de todos, sobretudo dos que estão mais afastados da Igreja Católica?