XIV Domingo do Tempo Comum B
LITURGIA DA PALAVRA
Primeira Leitura: Ezequiel 2,19-22
Salmo 122(123)
Segunda Leitura: 2 Coríntios 12,7-10
Evangelho Marcos 6,1-6
Tema: REJEIÇÃO A CRISTO É PECADO GRAVE
Se a idolatria caracteriza as nações pagãs, a incredulidade afecta o próprio povo de Deus. Toda a história de Israel é semeada de incredulidade, de rejeição, de nostalgias e de voltas para os ídolos, de confiança nos deuses dos povos vizinhos, de confiança nas grandes alianças com os povos pagãos. Expressão impressionante dessa rejeição é a condição do profeta, sempre obstaculizado pelo povo, nunca aceito, frequentemente perseguido: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas e apedrejas os que te são enviados…” (Mt 23,37). A incredulidade do povo sempre foi um escândalo.
Muitas são as razões do fracasso e da rejeição do povo eleito. Antes de tudo, os erros de interpretação da Lei. O povo sufocou sob a letra um documento cheio de tensão escatológica; reduziu a missão e a figura do Messias às dimensões de um quadro demasiadamente humano e nacionalista. Algumas classes do povo acreditaram poder ser suficientes a si mesmas e se fecharam a toda iniciativa de Deus. Cegos pela preocupação de vantagens terrenas, outros judeus desprezaram os sinais que Deus lhes enviava. O culto também foi deformado pelo formalismo, e o templo se tornou um lugar de prestação de contais cultuais, sem verdadeira participação pessoal.
O incidente de Nazaré, conforme relata Marcos, assume significado simbólico. Jesus se apresenta na sua cidade natal, não como simples cidadão que faz uma visita à família; ele aí vai com seus discípulos no pleno exercício de sua qualidade de Rabí (Rabuni), dotado de sabedoria e de autoridade fora do comum, qualidades excepcionais que são postas em evidente contraste com sua origem; sua gente “se escandaliza com ele” e não aceita como aquilo que ele verdadeiramente é.
Para a reflexão da liturgia da palavra, podemos nos questionar. Partindo da compreensão de que os “profetas” não são um grupo humano extinto há muitos séculos, mas são uma realidade com que Deus continua a contar para intervir no mundo e para recriar a história. Quem são, hoje, os profetas? Onde estão eles? Como acolhes seu catequista, animador, ancião da comunidade? Recebes o seu padre para lhe orientar espiritualmente ou está em busca de um apoio material? Não se escandaliza quando o profeta da sua casa, da sua aldeia, bairro e cidade denuncia os males praticados pela sociedade incluindo a si? Quando o seu animador não aceita incluir seu filho na lista de baptismo por falta de preparação, como tem sido a sua reacção?
Para mais aprofundamento da Palavra de Deus: Como lidamos com a injustiça e com tudo aquilo que rouba a dignidade dos homens, como a guerra, a corrupção, o preconceito, a perseguição das pessoas de boa vontade? O medo, o comodismo, a preguiça, alguma vez nos impediram de ser profetas?
Grande parte dos judeus não reconheceu o Cristo, mas as razões que explicam esta recusa dizem respeito também a nós: estamos também continuamente em perigo de querer salvar-nos sozinhos, de pôr nossa confiança só nos recursos exteriores, de pôr em nosso culto mais formalismo que interioridade, de restringir, com as nossas interpretações demasiadamente humanas e presas a um ambiente determinado, a universalidade da nossa religião.
Nós também temos a contínua tentação de fazer calar os profetas, porque nos incomodam em nossas posições alcançadas e destroem nossas seguranças.
O pecado é recusa de comunhão com Deus e desagregação do povo que Deus convocou; ofensa a Deus, e, portanto, verdadeira e radical alienação do homem. O desígnio de Deus é comunicar-se a si mesmo em Jesus Cristo, com uma riqueza que transcende toda compreensão e transpõe todo obstáculo.
O cristão, mesmo que atormentado pela necessidade e o dever de combater contra o pecado e suas consequências, é sustentado cada dia por uma esperança que não decepciona. O Cristão participa, por meio do Espírito de Jesus, da própria vida de Deus.
Compromisso Pessoal
Aceitar com coragem e determinação a missão de profeta
Rezar pelos actuais profetas para que não desanimem
Denunciar os males da sociedade, da Igreja e da família
Colaborar com a construção da justiça social
Cultivar o espírito de paz interior e das nações
Viver as propostas do Evangelho que é por excelência
a construção do Reino de Deus