Cabelo da mulher: estado social, religioso e a identidade da pessoas
Por Judite Macuacua
O cabelo foi, ao longo da história especialmente para as mulheres, fontes de identidade e de preocupação. O cabelo trançado contribuiu para dar mais brilho a toda a pessoa e também indicava a identidade e o grupo de pertença do individuo. Vamos apresentar um breve escursos histórico sobre o desenvolvimento dos vários penteados feminino.
Antigamente o cabelo trançado indicava o estado social, religioso e a identidade da pessoas em relação ao grupo étnico a quem pertencia.
Segundo historiadores, a tradição de trançar o cabelo, teve origem na Namíbia, na África, e era uma prática comum entre mulheres para se diferenciar das outras tribos da região.
A sua origem data do ano 3.500 a.c. e ao longo dos anos, ela evoluiu, as suas formas e estilos, foram reinventados. Por isso, a arte de trançar o cabelo, foi transmitida de geração em geração, e através dela podia-se distinguir o grupo de filiação, e também se tornou uma coexistência devido ao tempo que levou para terminar o penteado.
Assim, na Civilização Egípcia, conta-se que as tranças eram um símbolo da posição social. As mulheres dos grupos superiores, acrescentavam extensões trançadas aos cabelos e os homens, como símbolo divino, usavam-nas nas barbas.
Na Grécia, as mulheres de alta sociedade, usavam cabelos muito compridos e trançados, enquanto que os escravos usavam cabelos curtos.
Entretanto, com origem na África, as tranças podem possuir diversas formas e a sua história mostra-nos que elas são muito mais que um penteado.
A este propósito, sabe-se que antigamente, alguns tipos de tranças, como por exemplo, as nagôs, angolas, jejes e fulas, tinham um papel importante como condutoras de mensagens. Daí que, durante o período de escravidão no Brasil, as tranças eram utilizadas para identificar as tribos a que pertenciam os escravos, por meio dos seus desenhos, elas serviam também como mapas e rotas para as fugas planeadas.
Em Moçambique
Olhando para a nossa realidade moçambicana, que talvez a prática seja recente, não há registo específico do simbolismo das tranças, sendo que, as mesmas podiam e ainda continua a ser assim, são feitas em mulheres de todas as idades e com cabelos curtos, médios e longos com o intuito de, apenas conferir à mulher, um belo visual, independentemente do seu posição social e religiosa.
Dada a importância que as tranças significam para a mulher moçambicana, e não só, mas também para alguns homens amantes das tranças, principalmente os jovens, movidos pela vaidade e sua inserção artística (Rastafaris), a cantora moçambicana Júlia Duarte, lançou em Agosto do ano passado, “perucas de tranças africanas”, com o seu nome.
Esta iniciativa da cantora moçambicana, é um dos exemplos que testemunham quanto seja importante a arte das tranças no continente africano e no mundo, em geral.
Conheça alguns modelos de tranças afro
De acordo com os historiadores, sendo as tranças de origem africana, a mais antiga feita de cabelo natural, são a “nagô”, que consiste numa trança rasteira, rente ao couro cabeludo. As nagôs são muito utilizadas por quem está a passar pelo período de transição capilar, ou seja, saindo de algum tipo de alisamento ou tratamento químico para voltar a usar as formas naturais dos fios.
Relativamente às Tranças Afro, são essencialmente, estilos de entrelaçamento que juntam uma fibra sintética ao cabelo e datam dos anos 90, conhecidas pelos seguintes nomes:
* kanekalon – É um modelo de tranças que faz parte de uma estética africana milenar, que sobrevive mesmo depois de séculos de apagamento.
* box braids – Este modelo é o mais popular e também o mais clássico. As box braids consistem, basicamente , em juntar a fibra sintética com o comprimento da cabelo. Com elas, dá para prolongar o comprimento e apostar em cores diferentes. Segundo os entendidos na matéria, é o modelo mais procurado nos salões, principalmente por quem passa pela transição capilar e está esperando que os fios naturais cresçam.
* Jumbo – ao contrário do que a maioria pensa, não é necessariamente o modelo da trança no cabelo, mas sim, o tipo de fibra sintética usada para fazer as box braids. Isto é, a versão mais acessível e universal para fazer tranças justamente por ser mais leve, fácil de comprar e ter um preço bom.
* twist – O Twist, também conhecido como Marley Hair, é feito com uma fibra capilar diferente, que leva o mesmo nome da técnica. O resultado é um entrelace lindo, muito diferente das box braids, mas tão arrasador.
Tranças afro estragam o cabelo?
Porque a beleza e a vaidade têm as suas consequências, por vezes, nefastas, essa é uma das perguntas geralmente feitas por quem pensa em aderir a esse penteado, mas a resposta não é tão simples assim.
Como quase tudo o que é feito nos fios, depende muito de como a trança será feita e do estado dos fios antes do processo. Todavia, importa honestamente revelar que, em alguns casos, as tranças afro podem, sim, estragar o cabelo.
Para se evitarem os eventuais transtornos, nesse sentido, aconselha-se às interessadas, que recorram aos profissionais qualificados, principalmente, quando é utilizado um material com um peso superior ao que o cabelo suporta.
De igual modo, o outro caso que pode danificar o cabelo, é a não higienização correcta e o atrito excessivo durante a lavagem. Por outro lado e segundo a recomendação dos profissionais, durante a retirada dos fios nas tranças, é preciso ter cuidado redobrado, porque o processo exige muita paciência e o uso do creme apropriado.