XXVI DOMINGO DO TEMPO COMUM B
26/09/2021: LITURGIA DA PALAVRA
Primeira leitura: Nm 11,25-29
Salmo: 18 (19)
Segunda leitura: Tg 5,1-6
Santo Evangelho: Mc 9,38-43.45-47-48
Tema: SER UMA COMUNIDADE ACOLHEDORA, SOLIDÁRIA E DE PARTILHA DE BENS
A liturgia da Palavra deste domingo apresenta várias sugestões para que os crentes possam purificar a sua opção e integrar, de forma plena e total, a comunidade do Reino. Uma das sugestões mais importantes é de reconhecer e aceitar a presença e a acção do Espírito de Deus através de tantas pessoas boas que não pertencem à instituição Igreja, mas que são sinais vivos do amor de Deus no meio do mundo.
O livro dos Números ensina que o Espírito de Deus sopra onde quer e sobre quem quer, sem estar limitado por regras, por interesses pessoais ou por privilégios de grupo. O verdadeiro crente é aquele que, como Moisés, reconhece a presença de Deus nos gestos proféticos que vê acontecer à sua volta.
A comunidade do Povo de Deus é a comunidade do Espírito. O Espírito não é privilégio dos membros da hierarquia; mas está bem vivo e bem presente em todos aqueles que abrem o coração aos dons de Deus e que aceitam comprometer-se com Jesus e com o seu projecto de vida. Mesmo o irmão mais humilde, mais pobre, menos considerado da nossa comunidade possui o Espírito de Deus. O Espírito Santo não é propriedade dos padres ou dos animadores.
No Evangelho temos uma instrução, através da qual Jesus procura ajudar os discípulos a procurarem somente os bens do Reino. Nesse sentido, convida-os a constituírem uma comunidade que, sem arrogância, sem ciúmes, sem presunção de posse exclusiva do bem e da verdade, procura acolher, apoiar e estimular todos aqueles que actuam em favor da libertação dos irmãos; convida-os também a não excluírem da dinâmica comunitária os pequenos e os pobres; convida-os ainda a arrancarem da própria vida todos os sentimentos e atitudes que são incompatíveis com a opção pelo Reino.
A atitude dos discípulos mostra, antes de mais, arrogância, sectarismo, intransigência, intolerância, ciúmes, mesquinhez, pretensão de monopolizar Jesus e a sua proposta, presunção de serem os donos exclusivos do bem e da verdade… Mas, por detrás da reacção dos discípulos, deve estar também uma grande preocupação com a concretização dos projectos pessoais de prestígio e grandeza que quase todos eles alimentavam. O que me leva a ir a Igreja? Não vivo de ciúmes pelo facto de estar perto do padre, dos missionários ou dos responsáveis da comunidade?
Na segunda leitura, Tiago convida os cristãos a não colocarem a sua confiança e a sua esperança nos bens materiais, pois eles são valores perecíveis e que não asseguram a vida plena para o homem. O autor acrescenta apontando contra os que injustamente acumulam bens materiais: a finalidade da sua existência será o afastamento da comunidade dos eleitos de Deus.
Tiago denuncia o seguinte: Os luxos e os prazeres dos ricos vivem assim da morte dos pobres. Naturalmente, Deus não pode pactuar com a injustiça e, por isso, não ficará indiferente ao sofrimento do pobre e do oprimido.
Tiago critica os ricos, em primeiro lugar porque eles vivem apenas para acumular bens materiais, negligenciando os verdadeiros valores. O acúmulo de bens materiais tornou-se, para tantos homens do nosso tempo, o único objectivo da vida e o critério único para definir uma vida de sucesso. Em pleno tempo de pandemia de covid-19 vimos tanta gente mergulhada na miséria mas também gente cada vez mais rica. Nós, os cristãos, somos chamados a testemunhar que a vida verdadeira brota dos valores eternos – esses valores que Deus nos propõe. O cristão não deve acumular riquezas, mas torna-las fonte de partilha e prática da caridade.
Compromisso pessoal
Aprender a amar sem orgulho nem arrogância
Pedir a Deus a ensinar-nos a humildade
Desapegar-se de riquezas ilícitas e cuidar dos bens comuns