Mutilação Genital Feminina: Luta para “abolir uma barbárie”

Mutilação Genital Feminina: Luta para “abolir uma barbárie”

Por Judite Macuacua Pinto

No dia 6 de Fevereiro celebra se o Dia Internacional contra a Mutilação Genital Feminina. Em muitos países africanos, as mulheres continuam a ser vítimas desta prática. Por isso nunca é tarde de mais para falar deste assunto.

Hadja Idrissa Bah não quer ser uma vítima. A jovem da Guiné-Conacri está determinada a lutar como activista contra a Mutilação Genital Feminina (MGF). Apesar de ser proibido, o ritual brutal é generalizado no seu país: segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF), 97% das mulheres na Guiné-Conacri são circuncidadas.

“Em muitas comunidades, cosem inclusive os lábios genitais, que são depois rasgados na noite de núpcias”, conta Hadja, de dezanove anos, em entrevista à DW. “Estou traumatizada. Quando alguém me fala sobre a circuncisão, sinto-me impotente e tenho medo – é uma coisa que me consome.”

A jovem veste um turbante amarelo claro e uma blusa xadrez, vermelho e azul. Fala de forma entusiasmada sobre a organização que fundou, para informar e proteger as raparigas do grande sofrimento da mutilação genital.

“Fiquei a odiar os meus pais, porque eles me traíram”, recorda. “Não me disseram para onde estava a ser levada. Teoricamente era para ir de férias, mas fui confrontada com isto.”

 

Mulheres consideradas impuras

Em muitos países africanos, segundo as crenças tradicionais, raparigas e mulheres são consideradas impuras se não forem circuncidadas. “Os pais temem que não encontrem marido, e muitas mulheres acham que a sua condição é normal”, diz a médica Mariatu Tamimu, que trata vítimas de MGF na Serra Leoa.

Os ferimentos resultantes da mutilação genital podem ter níveis diferentes de gravidade. Comum a todos os casos é que a genitália feminina externa é parcial ou completamente removida. Muitas vezes, o procedimento é realizado em condições anti-higiénicas, sem anestesia e com meios simples, como cacos de vidro ou lâminas de barbear.

“Na nossa clínica de ginecologia na cidade de Bo, costumamos operar fístulas que se formaram devido à mutilação. Muitas vezes, o canal de parto está fechado. Nós abrimo-lo para que as mulheres possam dar à luz”, diz a médica de 32 anos.

“É tudo para o prazer dos homens”, afirma. “O clitóris é cortado, porque a crença generalizada é que, caso contrário, as mulheres podem traí-los.” Para Tamimu, a prática não tem nada a ver com religião.

Algumas mulheres conseguem ter uma vida normal e engravidar após uma cirurgia. Mas outras, por causa da gravidade dos ferimentos, “ficam lesadas para a vida inteira”.

 

Rituais alternativos

No Quénia, a circuncisão genital feminina também é proibida. No entanto, é realizada secretamente em muitas comunidades.

Denge Lugayo, da organização não-governamental africana “Amref Health Africa”, que luta contra a MGF, enfatiza que, para acabar com esses rituais perigosos a longo prazo, toda a comunidade deve estar envolvida.

A organização promove, por exemplo, a realização de ritos de passagem de idade alternativos.

“Todos os passos que as comunidades seguem durante o ritual são seguidos, exceto a circuncisão. A celebração, a cerimónia e a dança são realizadas, mas recomendamos a exclusão do corte da rapariga ou da mulher”, diz Lugayo.

Ações de esclarecimento nas escolas também são importantes, tal como programas alternativos de ocupação para as mulheres que realizam a circuncisão, acrescenta: “Se quisermos abolir essa barbárie no futuro, também temos de considerar as mulheres que fazem a MGF e criar outras fontes de rendimento, e temos de conversar com elas sobre isso. Podem, por exemplo, produzir sabonetes ou almofadas para as raparigas.”

 

Clínica em Berlim ajuda migrantes

Há quatro anos que Cornelia Strunz, cirurgiã no Hospital Waldfriede de Berlim, trata mulheres vítimas de mutilação genital. Faz operações reconstrutivas e oferece também ajuda psicossocial e aconselhamento.

“A maioria das mulheres são migrantes de países africanos e falam aqui, pela primeira vez, sobre o que lhes aconteceu”, revela a médica.

“A Organização Mundial de Saúde estima que 10% das mulheres vítimas de MGF morrem de consequências agudas e 25% de consequências a longo prazo. Muitas têm dores na região do clitóris e das cicatrizes. Outras foram completamente costuradas, sentem dores ao urinar e não podem ter relações sexuais. Algumas têm fístulas, que se formam entre a vagina e o reto.”

Muitas dessas vítimas vivem há muito tempo na Alemanha; outras vêm de toda a Europa para receber tratamento na clínica. Para as mulheres, o tratamento é gratuito, possibilitado pela fundação “Desert Flower”, da modelo somali Waris Dirie, que foi vítima de mutilação genital e assim muitas mulheres são ajudadas a te uma vida melhor. (DW)

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