“A família deve ser o centro das atenções da Igreja e da Sociedade”

O Ano especial, inspirado na Exortação Apostólica, Alegria do Amor, e no amor encarnado pela Sagrada Família, teve início no dia 19 de Março, 5 anos após a publicação do Documento Pós-Sinodal, e terminará no dia 26 de Junho de 2022, por ocasião do X Encontro Mundial das Famílias.
”Convido a um renovado e criativo impulso pastoral para colocar a família no centro das atenções da Igreja e da sociedade”. É este o convite do papa Francisco depois do Angelus do Domingo 14 de Março ao recordar o início do Ano da Família “Amoris Laetitia”.
Após o Angelus, o Papa recordou a todos, o Ano da Família Amoris Laetitia com estas palavras: “No dia 19 de Março, solenidade de São José, será aberto o Ano da Família Amoris Laetitia: um ano especial para crescer no amor familiar. Convido a um renovado e criativo impulso pastoral para colocar a família no centro das atenções da Igreja e da sociedade. Rezo para que cada família possa sentir em sua própria casa a presença viva da Sagrada Família de Nazaré, para que ela possa preencher nossas pequenas comunidades domésticas com amor sincero e generoso, uma fonte de alegria mesmo em provações e dificuldades”.
Família protagonista da sociedade
As famílias têm necessidade de cuidado pastoral, de dedicação, mediante um estilo de maior colaboração entre eles e os pastores. É necessário investir na formação dos formadores e, sobretudo, implementar uma mudança de mentalidade: pensá-las não como ‘objecto’, mas como ‘sujeito’ da pastoral ordinária. A família permanece para sempre custódia das nossas relações mais autênticas e originárias. Em síntese, este foi o convite feito pelo cardeal Kevin Farrell responsável da iniciativa papal.
IV Assembleia Nacional de Pastoral (ANP)
O 4º capítulo dos Lineamenta em preparação a IV ANP é dedicado mesmo à pastoral da Família. De facto em Moçambique, como em muitos lugares de África, mais do que a dimensão jurídico-legal, o que define a família são os valores que ela representa, principalmente a união e protecção de um para com o outro. A família pode, em Moçambique, não necessariamente ter pessoas do mesmo sangue mas ela é composta por pessoas com os mesmos valores e princípios. A família em Moçambique, enquanto instituição social, tem passado por mudanças aceleradas na sua estrutura, organização e função de seus membros. Ao modelo tradicional foram se somando muitos outros modelos de família, fruto e consequência de abertura às outras culturas e de profundas transformações estruturais de carácter global e, por muitos outros aspectos, têm sido porta de ingresso para profundas crises (IV ANP n.19-20).
De facto, o crescimento progressivo de crianças de rua em todas as nossas cidades, é um sinal evidente do mal-estar da Família em Moçambique. As crianças de rua são, simultaneamente, uma denúncia à crise de estabilidade nas uniões matrimonias e o aumento do número de mães solteiras, resultantes, ou de separações, ou de escolhas de procriação livre de compromisso marital. Também o crescimento do número de idosos abandonados e, portanto, desemparados, quer pelos próprios filhos e também pela sociedade, indica que as famílias estão com profundas feridas que devem ser saradas. (IV ANP 21).
A nossa Igreja tem sorte porque com estas duas iniciativas vai ser estimulada a reflectir, planificar e organizar a pastoral familiar. E assim, tendo os instrumentos necessários, não vamos perder estas duas ocasiões para renovar e por em primeiro plano a nossa atenção para as famílias que são verdadeiras colunas portantes da vida da comunidade.