Cresce o número de crianças envolvidas no trabalho infantil
A Lei de Promoção e Protecção dos Direitos da Criança, no seu artigo 47, não há sombras de dúvidas que existe apenas no papel, e o seu cumprimento está longe de se concretizar. O exemplo deste triste cenário é o registo de índices alarmantes de exploração infantil desta classe social, facto que é notório no dia-a-dia na cidade de Nampula e arredores.
Esta realidade disparou com a eclosão da pandemia mundial da Covid-19, que impactou de forma negativa em algumas famílias, parte destes que até perderam os seus postos de trabalho, que eram garante de sustento.
São petizes que ao invés de abraçar as aulas são forçados pelos seus progenitores a trabalhar para assegurar sustento dos seus irmãos.
Nas nossas andanças diárias, encontramos Albino Abacar e Mariamo Abdala residentes no bairro de Namicopo, ali próximo da residência oficial do Bispo de Nampula, depois de percorrer longas distâncias com uma bacia na cabeça cheia de lanho (Coco) contaram-nos que trabalham para ajudar os seus encarregados de educação a manter equilibrio nas despesas de casa.
“Se nós não sairmos para vender, não teremos direito a nenhuma refeição diária em casa” disseram os petizes visivelmente agastados, os quais referiram que não têm como se não obedecer os seus progenitores.
Assim como Albino Abacar e Mariamo Abdala, encontramos Janeth António e Suzana Armando duas menores de idade que vivem no bairro de Mutauanha arredores da cidade de Nampula, que também exercem a actividade comercial nas ruas e avenidas daquela circunscrição geográfica para manter as despesas de casa.
“Por dia nós conseguimos ganhar com as mossas vendas cerca de 500 a 700 meticais, que é usado para comprar comida e outro nossas mães usam para comprar capulana”. Referiram os nossos entrevistados.
Importa referir que para além do comércio realizado por estas crianças, outras são sujeitas a trabalho de exploração de pedras preciosas e semi-precisas.
(Júlio Assane)