Quem será o Messias dos pobres?
Engarrafamento de peões, gritos de socorro, falta de chapas, são o novo rosto na cidade Nampula.
Os automobilistas estão em greve e clamam por redução do preço de combustível e exigem que a taxa de rota urbana seja elevada de 10 para 20 meticais. De facto, o custo de combustível é demais. É sim. Queiramos ou não, agora, andar de carro ou motorizada não é para quem quer, é para quem pôde. Morreu Samora e ficaram ladrões. Quando falta liderança tudo pode acontecer.
Moçambique não é um país de pessoas com capacidade económica para suportar o inferno da especulação de preços de produtos nem de transporte. Exceto para a minoria que aufere salários gordos, daqueles que afundaram o país com as dívidas ocultas.
As decisões deste problema vão revelar se você é um líder ao lado do povo pobre e oprimido, ou se simplesmente se serve dele para ascender no poder. “O pobre clamou e o Senhor ouviu a sua voz”. Muitos dos que se servem de chapa para sua locomoção são, na sua maioria, pessoas muito pobres: mulheres grávidas, aleijados, doentes físicos, velhinhos e velhinhas, alunos que nem trabalham, comerciantes que buscam revender produtos de baixa renda para sua sobrevivência, refugiados de guerra de Cabo Delgado, órfãos de país, pessoas sem abrigo nem mandioca seca para enganar o estômago, vítimas de calamidades naturais e que morrem à fome. Fustigadas pelo coronavírus e, recentemente, pelo ciclone Gombe.
Onde está a justiça desta gente? Foi penoso ver mulheres grávidas, doentes e aleijados, caminhando para hospitais a pé, comerciantes saindo do Waresta (cidade de Nampula), carregando bagagens de mercadorias pesadas. No meio de tudo isto não faltam oportunistas. Moto-taxistas cobrando dinheiro muito alto. Só para exemplificar, do Waresta para Memória a 300 meticais. Quem vai velar por esta situação? Quem virá repor a justiça aos pobres e miseráveis de Nampula? Que haja paz e equilíbrio na resolução deste assunto. Que ninguém saia prejudicado, nem automobilistas, menos ainda os passageiros. Vinte meticais, se for o caso, é demais. Também o preço de combustível não se ajusta às condições de pobres deste país. De contrário, Moçambique será vítima não só de guerras e ciclones, mas também de greves, da próxima não sei se não será dos peões.
Quem tem ouvidos, ouça!
Giovanni Muacua