Crónica – A CAPULANA MATOU O MEU LAR
A história reza que o 07 de abril de cada ano é o dia da Mulher Moçambicana. Nesta ocasião, é lembrado o aniversário de morte de Josina Machel (1945-1971), combatente da liberdade de Moçambique e heroína nacional.
Até 25 de junho de 1975, Moçambique era uma das colonias portuguesas em África, quando nesta data, após uma década de guerra pela libertação nacional, conquistou sua independência.
É o dia em que muitas mulheres, em comemoração da data, acorrem à praça para homenagear os feitos daquela que foi a grande mulher. Uma mulher que conquistou a liberdade moçambicana. É o que devia ser de todas as mulheres moçambicana no combate às várias formas de opressão.
Mulheres unidas, famílias felizes. Infelizmente, no cenário em que vivem muitas mulheres do nosso tempo estão longe de ficarem como heroínas nos anais da nossa história.
Sinto muito que o 07 de Abril já foi desfigurado. Não sei que se estaria a passar, ao certo, nas famílias atuais. Distorceu-se o sentido comemorativo desta grande festa, mal se entende esta data.
Muitas mulheres pensam que o 07 de abril é dia nacional de mulheres bêbadas, homenengas, dia de separar-se do homem que não compra capulana”, dia da exploração dos homens; dia de mulher que manda o marido roubar. Não é por acaso que quando se aproxima esta data muitos homens emagrecem.
Foi na tarde de ontem que regressava da cidade à minha casa. Parei por um tempo na estação de chapa no Clube 5, na área da Memória, cidade de Nampula. Ali estava um grupo de mulheres que discutia o que cada uma faz quando o marido ou o namorado não lhe compra capulana. Quando a dona Lídia, uma senhora de aparentemente 30 anos desatou:
“… mana, eu não sou dorminhoca, o meu marido me conhecia, se ele não comprasse nada para mim no dia 07, eu usava minha saiotinha, minha blusa, um pouco de batom, ia à rua, e, quando lá chegasse, parava numa esquina (…), com minhas pernas (espalhadas) e resolvia todos meus problemas. Assim vivo sozinha, todos homens me fogem, parece que tenho espirito mau”.
Exemplo de uma mulher que mal-entendeu o 07 de Abril e hoje vive solteira.
Comemorar esta data significa, sim, estar a par do combate do ódio, da divisão nas famílias e das várias formas de opressão, para promover mais comunhão e unidade de todas as mulheres.
É contra 07 de abril quem destrói o seu lar, abandona a sua família, só porque faltou capulana. Esta é uma festa do coração de uma mulher educada, uma mulher mais sensata.
Feliz 07 de Abril a todas vocês mulheres de família, com responsabilidade e com espírito de batalha!
Quem tem ouvidos, ouça!
Giovanni Muacua