Terra abandonada está em disputa na Comunidade de Cupiha, distrito de Rapale, em Nampula

O desconforto das mais de mil famílias que praticam actividades agrícolas na comunidade de Cupiha, no distrito de Rapale, está perto do fim.
Já lá vão anos que muitas famílias ocuparam um espaço que outrora pertencia a uma empresa vocacionada no plantio de eucaliptos, num espaço muito extenso na Comunidade de Cupiha.
A empresa teria movimentado pessoas que lá residiam e praticavam actividades agrícolas, sendo que algumas dessas pessoas foram indemnizadas e outras não.
Anos depois, o projecto de plantio de eucaliptos naquela Comunidade fracassou e a empresa abandonou as terras, que, mais tarde, tornou-se uma mata, onde aconteciam muitos assassinatos.
Movidos pela força de procurar sobrevivência, muitas famílias da cidade de Nampula começaram a ocupar parcelas de terra abandonadas pelo projecto para fazer machambas.
Nos últimos anos, essa atitude foi tomada por mais de mil famílias, que saindo dos diferentes bairros da cidade de Nampula, foram ocupando espaços e abriram suas machambas em Cupiha, caso que não agradou aos nativos que teriam sido movimentados pelo projecto de eucaliptos.
No ano passado, iniciaram os conflitos entre os nativos de Cupiha e os que vindo da Cidade de Nampula estão a produzir várias culturas naquela comunidade.
Aliás, por algum tempo, esses nativos acusaram o líder local de estar a vender as terras.
O problema que desconforta as famílias camponesas que ocuparam os espaços chegou aos ouvidos das autoridades governamentais do nível distrital de Rapale, que começou a dar o respectivo seguimento.
Na última quarta-feira, o Administrador do Distrito de Rapale delegou uma comissão para auscultar as duas partes que, se calhar estiveram em litígio.
A Rádio Encontro soube no local que afinal, os nativos exigiam a devolução das suas terras, uma vez terem sido movimentados pelo projecto e que alguns deles não foram indemnizados.
As famílias que neste momento estão a explorar as terras, aguardam a decisão do governo do Distrito de Rapale, que apesar de terem sido sensibilizados que não devem construir habitações e nem plantar cajueiros, continuam a praticar agricultura de sobrevivência.
O Régulo Cupiha não considera esta situação como um problema, uma vez que depois do abandono pelo projecto de plantio de eucaliptos, aquelas terras tornaram-se uma mata e era local onde se registavam muitas mortes estranhas.
Com a intervenção do Governo do Distrito, as famílias esperam um fim feliz.
A brigada criada pelo Administrador do Distrito de Rapale, que na quarta-feira trabalhou com os camponeses de Cupiha, recusou-se a falar aos nossos microfones, alegando não estar autorizada.
As famílias, que neste momento praticam agricultura na Comunidade de Cupiha, produzem, principalmente, mandioca, feijões e amendoim.
Por Elísio João