Crónica – Ninguém merece morrer primeiro
A luta pela sobrevivência leva a muitas pessoas, entre homens e mulheres, a agir como se de animais selvagens se tratassem. Pior nos nossos dias em que a pobreza absoluta e o desejo de uma vida lite, sem sacrifício, uma vida arrumada como nas novelas, faz com que grande parte de mulheres se casem com homens maiores de idade, três vezes mais velhos que elas.
Aliás, um dos cenários tristes que se vivem em Moçambique, e em Nampula em particular, são uniões prematuras. Onde meninas de 12 anos não têm medo de se unirem maritalmente com homens de 60 ou 70 anos de idade. Catástrofe total, uniões puníveis em termos da lei. Mentores deste fenómeno estão entre pais, tios, irmãos, das meninas, encarregados de educação, que dizem ter medo de morrerem sem comer sal da filha, da sobrinha ou da irmã mais nova.
Outras ainda se casam por precipitação pessoal, são as que se unem com idade prematura, porque gostam de provar tudo menos nada. Gostam de comer coisas dos adultos.
Estas, desobedecendo aos seus encarregados, preferem vida de “coração sozinhoˮ, namoram com homens maiores de idade só porque querem subir carro, viver numa casa de luxo, comerem bem, etc. E a sua máxima é a de que “o amor não tem idade”.
“Iii…eu não sei como faço. Casei-me com um velho rico, mas muito doentio, aceitei casar-me com ele, porque pensava que ele ia daiar logo-logo para eu ficar com os bens dele, mas ehhh…é duro, não morre!” – desabafava no chapa-cem uma moça de aparentemente 15 anos de idade.
Não sei até aonde querem levar este mundo. É necessária uma mudança urgente de comportamento. Estamos cansados de ver crianças no colo de outras crianças. A lógica bíblica é a de primeiro crescer e depois se multiplicar. Não é a de se multiplicar para depois crescer.
E você que se casa na esperança do parceiro ser primeiro a morrer, saiba que a lógica da vida é tão misteriosa que não se sabe quem morre primeiro. Morrem velhos, adultos, jovens e até crianças que nunca lamberam sal. Ouviu?
Quem tem ouvidos, ouça!
Giovanni Muacua, 31 de Janeiro 2023