Activista social torturado em Nampula por homenagear Azagaia
Gamito dos Santos Carlos, um Jovem ativista Social em Nampula, viu, ouviu e sentiu na pele, durante o último fim de semana, a parte cruel da polícia moçambicana, depois de ter sido detido, acusado de liderar uma marcha pacifica, em homenagem a vida do artista de Rap e crítico do governo, o Azagaia.
Em entrevista a Rádio e Televisão Encontro, Gamito dos Santos disse ter sido sequestrado por membros da Polícia da República de Moçambique, e torturado fora do comum, durante duas horas, para depois ser lançado para as celas da primeira esquadra, na cidade de Nampula.
“Taparam-me os olhos com um pano preto, amarraram minhas pernas e braços e varam-me de carro para um sitio que não conheço, onde me despiram toda a roupa e torturaram-me durante duas horas”.- Esclareceu dos Santos que disse ter sido chamado de terrorista e patrocinador do terrorismo, sem no entanto lhe darem tempo para se defender.
Como consequência das torturas, até a ultima segunda feira, 20/03, Gamito não conseguia usar calças, estando a andar de capulana, amarrada na cintura, devido as lesões nas nádegas, nas pernas e até nas partes íntimas do seu corpo.
A vítima nega ter se envolvido, algum dia, em grupos estranhos por isso estranha a acusação da Polícia, observando que, olhando pelos maus tratos que passou, “os piores terroristas neste pais, estão nas fileiras da Polícia da República de Moçambique”.
O jovem ativista diz que existem pessoas singulares e organizações que velam pelos direitos humanos que continuam a mostrar interesse em o apoiar na tramitação de processos, como forma de desencorajar que actos de natureza voltem a acontecer no pais dos moçambicanos.
Mesmo com estes factos, contados na primeira pessoa, a Polícia da República de Moçambique na voz do respetivo porta voz, Zacarias Nacute, nega e jura de pés juntos, que a corporação nunca torturou ninguém, e para o caso concreto de Gamito dos Santos, tratou-se de uma Acção que tinha em vista evitar a alteração da ordem, segurança e tranquilidade publicas na Cidade de Nampula.
“A polícia fez o seu trabalho rotineiro que era de garantir que a tranquilidade dos cidadãos não estivesse em causa”.- Disse Nacute recordando que a detenção de alguns manifestantes aconteceu depois de a Polícia ter feito trabalho de mobilização, desencorajando a realização da marcha.
Aliás, o porta voz da PRM em Nampula fez transparecer que a accão da policia foi motivada pelo facto de a Província de Nampula, ser vizinha de Cabo Delgado onde decorrem actos de terrorismo e que as Forças de Defesa e Segurança são chamadas a estarem atentas, porque, segundo suas palavras, “algumas pessoas podem se aproveitar de manifestações para ações inimigas”.
Zacarias Nacute teve a coragem de dizer à imprensa, que ninguém foi torturado em consequência da manifestação do último sábado.
“Torturar cidadãos não faz parte do perfil dos homens da Lei e Ordem”. – Jurou Zacarias Nacute, que pede aos cidadãos para respeitarem a lei moçambicana.
Informações em nosso puder referem que em conexão com as manifestações na cidade de Nampula, depois de ter efectuado disparos de gaz lacrimogéneo, que provocou danos ligeiros na saúde de alguns manifestantes, a polícia deteve 7 jovens, que agora se encontram em liberdade.
Refira-se que vários organismos internacionais, com destaque para a Organização das Nações Unidas, já repudiaram o uso excessivo e desnecessário, da força policial em meio de uma manifestação pacífica, em homenagem ao rep Azagaias, que apelavam igualmente a pronta libertação dos detidos arbitrariamente e a investigação das alegadas violações.
Outras organizações internacionais apareceram a exigir que o governo investigue a polícia que prendeu pessoas e as espancou, e que garanta que seja responsabilizada, por violar os direitos humanos dos manifestantes, incluindo o direito internacional.
Por Elísio João