Venenos da libertação feminina

Venenos da libertação feminina

Por Giovanni Muacua

Comemoramos hoje, Dia 7 de Abril, a data da mulher moçambicana. Momento em que é lembrado o aniversário da morte de Josina Machel (1945-1971), combatente da liberdade de Moçambique e heroína nacional. Consta dos anais históricos que até 25 de Junho de 1975, Moçambique era uma das colónias portuguesas em África, quando nesta data, após uma década de guerra pela libertação, conquistou a sua independência. Uma mulher que tomara consciência do seu papel na conquista da libertação moçambicana do jugo colonial.

Apesar do forte confronto e empenho da heroína moçambicana, Josina Machel, no combate aos inimigos da liberdade deste país, ainda hoje continuam vivos os rios de lágrimas na vida de muitos cidadãos (homens e mulheres).O tempo presente está sendo marcado por grandes dificuldades da vida: aumento doentio do clima de corrupção, acidentes de viação, desemprego, perseguições, subida de preço do pão e do combustível, greves, terrorismo em Cabo Delgado e noutros pontos do país.

Sobretudo o mundo feminino que vive dilacerado ante vários fenómenos que reflectem ódio profundo ao seusucesso. Mulheres vítimas de desigualdades sociais, assédio sexual, violência sexual e doméstica, a multiplicação do analfabetismo, o fracasso do direito à educação e ao emprego, etc. Diante de tudo isso, a falta da unidade das mulheres à causa comum é grande veneno da própria libertação feminina. Porque, como Josina Machel, todas mulheres podem ser heroínas, claro, cada uma a seu modo. Mas tudo exige decisão. Continuarão longe do esquema do sucesso se ainda prevalecer, nesta sociedade, o empenho das famílias na promoção de casamentos precoces, enquanto continuar cerrada a cultura de estudos e formação, na confiança de que basta casar apenas.

É possível enxugar as lágrimas de Abril. Todas podem ser heroínas, mas é um trabalho que exige empenho e sacrifício de todos. Heroína não é apenas Josina Machel, mas todas as mulheres que lutam para pôr fim às sujeiras da vida da família. Daquelas que negam ser “caixa de lixoˮ na sociedade moribunda em que vivemos. São também heroínas as que:

  1. Se abrem para estudos e se sacrificam para própria formação;
  2. Se empenham no combate à pobreza e não sentem vergonha de sujar as mãos para o sustento da família;
  3. Sabem viver a fidelidade na sua família e fazem de tudo para o cuidado dos filhos;
  4. Negamser instrumento de vadiagem e produto do mercado sexual;
  5. Promovem a vida, negando cometer abortos voluntários;
  6. Se empenham na paciência, no cuidado dos doentes e dos idosos da família e da sociedade em geral;
  7. Se enquadram em espírito e verdade numa religião, igreja para o seu alimento espiritual;
  8. Negam a dependência nas drogas;
  9. Buscam auto-emprego;
  10. Vencem o veneno do ódio e da indiferença.

E perdem o grau do heroísmo as que destroem seus lares, as que dependem apenas da vida dos outros, as que pensam que nasceram apenas para sofrer; as que se empenham nas calúnias e fofocas, no ciúme selvagem; aquelas mulheres que não se dedicam na partilha, que querem ouvir apenas “sim, senhora!ˮ, que investem na cultura da inveja, no consumismo do álcool; as que gostam de trair seus esposos, trocam momentos de diálogo familiar com as redes sociais. Não restam dúvidas que é possível enxugar as lágrimas que rolam na nossa alma. Assim como os mortos ressuscitam, também podem se recuperar as mulheres dilaceradas.

Quem tem ouvidos, ouça!

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