“Karakata” mancha classe jornalística em Nampula
Comemora-se em cada 11 de Abril, o dia do Jornalista moçambicano.
Em quase todas as províncias o dia do jornalista moçambicano este ano juntou profissionais da área, que passou sob o lema – “SNJ, 45 anos por um jornalismo digno e responsável”.
Na província de Nampula, a data foi caracterizada por um encontro de reflexão sobre a ética e deontologia profissional da classe jornalística, moderado pelo Jurista e Jornalista reformado, Carlos Coelho.
Neste encontro, no qual tomaram parte profissionais de comunicação social de diferentes órgãos, houve esclarecimentos de alguns equívocos na área de jornalismo.
“Foi bastante concorrido, e partilhamos as nossas experiencias e tivemos esclarecimentos sobre algumas dificuldades, o que valeu a pena”. – disseram alguns participantes que falaram a Rádio e Televisão Encontro.
O secretário Provincial do SNJ em Nampula, José Arlindo, anotou que os desafios da comunicação social, continuam os mesmos mas com outra faceta.
Segundo José Arlindo, a informação deve ser analisada e com cruzamento de fontes, porque não se constrói uma sociedade digna sem uma informação justa e verdadeira.
Ē nesse sentido que o SNJ em Nampula exortou para observância das regras mais elementares da profissão.
Sobre a Ética e Deontologia do jornalista, o jurista Carlos Coelho abriu um debate, questionando. – “Será que o jornalismo que temos hoje é digno e responsável, de acordo com o lema escolhido para este ano?”
Carlos Coelho anotou que a resposta a esta e outras perguntas, pode levar a uma grande reflexão, uma vez que a responsabilidade de um jornalista é produzir matérias de interesse do público.
O Jornalista, no dizer da nossa fonte, deve saber identificar se isto é ou não notícia e articular as suas matérias para que tenham um impacto social que provocam mudança de comportamento na sociedade.
A verdade, segundo o orador, é dita como base na profissão jornalística, porque “publicar mentiras é um erro muito grave e violação da ética”.
“Uma grande parte dos jornalistas entram na profissão com intuito de ganharem dinheiro.”- anotou Carlos Coelho, sublinhando que não podemos olhar essa profissão como um negócio para ganhar dinheiro.
“A nossa profissão tem características éticas diferentes de outras. Não se entra no jornalismo para fazer negócio, porque é isso que infelizmente acontece nos últimos dias, e que nos leva a violar a ética e deontologia”. – rematou, referindo que quando um jornalista faz entrevista e cobra dinheiro, está a violar questões éticas, porque ao receber dinheiro de uma fonte, passa a escrever favorecendo alguém, em detrimento do interesse público.
“Quando falamos de “caracata”, estamos a dizer oque?” – admirou Carlos Coelho, lamentando o facto de muitos jornalistas exigirem dinheiro às suas fontes, como condição para publicarem uma certa matéria.
Na sua explanação, Carlos Coelho deixou um desafio, sobre a necessidade de se dar formações contínuas na classe, sem esperar que seja um dia de comemorações, como o do Sindicato.
Entretanto os jornalistas reconhecem que a vulnerabilidade na classe jornalística esta associada com a fraca formação.
Defenderam ser urgente a revisão da lei de imprensa e atribuição da carteira profissional, o que poderia ajudar a limar alguns erros.
“Muitos jornalistas fazem jornalismo de fome, devido ao tratamento que são sujeitos nas empresas onde estão afectos.” – referiu um jornalista acrescentando que “muitos colegas trabalham sem remuneração, nem contrato de trabalho, sendo essa uma das razoes para ferirem a ética e deontologia profissional do jornalista”.
Entretanto, o Governador da Província de Nampula endereçou felicitações ao Sindicato Nacional de Jornalistas, numa mensagem onde se pode ler que “falar do jornalista moçambicano, é falar de profissionais que imbuídos de altos valores de patriotismo, tem sabido complementar a acção do governo, difundindo mensagens de prevenção e combate as doenças, o combate as uniões prematuras, as gravidezes indesejadas, o alerta antecipado pela ocorrência de fenómenos naturais externos, promoção da democracia e da liberdade de expressão entre outras”.
Para o governador de Nampula, uma acção que merece o reconhecimento do seu executivo, está nas excelentes reportagens e artigos relacionados com a acção terrorista no teatro operacional norte.
Por Elísio João