Interferência política no recenseamento, preocupa órgãos eleitorais em Nampula
Cerca de vinte e quatro mil e oitocentas pessoas foram recenseadas nos primeiros cinco dias do processo na província de Nampula.
A informação foi revelada pelo presidente da Comissão Provincial de Eleições em Nampula, Daniel José Ramos, na manhã desta Quarta-feira, 26/04, em conferência de imprensa, que serviu para fazer balanço da primeira semana do processo.
Daniel Ramos, falou dos desafios durante os primeiros dias do processo e disse que pretende acelerar a sua realização, principalmente nas autarquias de Nampula e Nacala porto.
“Queremos intensificar a fiscalização, principalmente nas cidades de Nampula e Nacala porto, para permitir que os cidadãos se recenseiem, uma vez que notamos ser nessas cidades onde acontecem muitos boatos em volta do processo. – anotou.
O Presidente da Comissão Provincial de Eleições afirma que durante a primeira semana, constatou-se a existência de máquinas com problemas de falha na impressão de cartões, imprimindo-os sem a assinatura do cidadão.
Entretanto a fonte desencoraja aos partidos políticos que alegam que esta situação é propositada, e disse igualmente que todos que recensearem apesar deste problema, irão votar, numa clara alusão de que – “o seu cartão, apesar de não ter assinatura, continua válido”.
“Queremos garantir que os nomes dos eleitores, estarão nos cadernos eleitorais e as pessoas irão votar, apenas as assinaturas é que não aparecem nos cartões e isso não significa que o cartão seja inválido. – Sublinhou a fonte.
O dirigente concorda que há falta de domínio no uso das máquinas por alguns brigadistas, daí que desafia mais supervisão.
Na mesma abordagem, o presidente da CPE em Nampula referiu que alguns fiscais possuem listas que não se conhece a sua origem.
A fonte lamentou o facto de alguns partidos políticos se fazerem aos postos de recenseamento eleitoral, para dificultarem o trabalho dos brigadistas.
“Temos formações que dão conta de que membros de algumas formações politicas, recolhem cartões dos cidadãos para fins desconhecidos.” – anotou Daniel Ramos, que desencoraja essa atitude, acrescentando que, ”Conseguimos encontrar fiscais de alguns partidos, que não quero aqui mencionar, a pretenderem fazer recenseamento paralelo, com nomes de potenciais eleitores, alistados nos seus cadernos, o que não é permitido pela lei”.
Perguntado sobre as pessoas que vem de fora das autarquias para se recensearem, Daniel Ramos disse não ter conhecimento.
“Eu não posso confirmar que existam pessoas que vem de distritos não municipalizados para se recensearem nesta cidade, porque não me reportaram isso, se for boato, não faz parte do nosso estilo comentar, como órgão gestor do processo”. – clarificou.
Daniel Ramos Presidente da Comissão Provincial de Eleições em Nampula, apela aos partidos políticos a não se fazerem nos postos de recenseamento eleitoral e deixarem os brigadistas fazerem os seu trabalho, segundo o que está legislado.
“O mandatário não tem a tarefa de organizar as bichas, mas sim, em caso de registar alguma anomalia num posto de recenseamento, reportar aos órgãos eleitorais para podermos intervir”. – explicou o Presidente da Comissão provincial de eleições em Nampula, Daniel José Ramos, falando da primeira semana do recenseamento eleitoral, rumo as eleições autárquicas de 2023, agendadas para 11 de Outubro.
Algumas situações vividas pela nossa reportagem nos vários postos de recenseamento, são de desespero por parte dos cidadãos que pretendem recensear-se.
A inoperância das maquinas, falta de domínio delas por parte dos brigadistas, o alegado recenseamento paralelo e a interferência dos políticos, fazem o dia a dia do recenseamento eleitoral que iniciou no dia 20 de Abril na escala nacional, podendo terminar a 3 de Junho.
Com a municipalização pela primeira vez, da vila de Mossuril, a província de Nampula conta com 8 autarquias, a saber: Cidade de Nacala-Porto, Ilha de Moçambique, Angoche, Cidade de Nampula e as vilas de Monapo, Ribaué e Malema.
Por Assane Júnior