Chegou o tempo do retomar a catequese
‘’Precisamos de catequistas comprometidos com uma fé inquebrantável’’
Já chegou o tempo de recomeçar o caminho da catequese.
Visitando as comunidades cristãs da cidade e da zona rural nota-se que há comunidades onde os catequistas são bem preparados com vários encontros, promovidos pelas paróquias e dioceses e são escolhidos entre aqueles que dão um bom testemunho na comunidade e na sociedade. Estes irmãos na fé nos alegram e nos dão a esperança que o seu anúncio formará cristãos comprometidos e fiéis ao seu compromisso a Deus e á comunidade.
Fragilidades nas comunidades
Pelo contrário, encontramos também catequistas escolhidos nas comunidades com superficialidade e sem uma boa preparação. Muitos deles ainda não assumiram um compromisso sério na sua própria família com o sacramento do matrimónio e isso dificulta a profundidade do seu testemunho e do seu anúncio.
Também notamos que o coração deles ainda não está bem identificado com um amor a Jesus e à comunidade cristã.
Portanto, não é difícil notar que nestas comunidades a catequese é quase inexistente, ou inconstante e que os catecúmenos serão um dia cristãos sem uma verdadeira identidade cristã, e por isso facilmente não se comprometerão seriamente em viver a sua missão, porque não foram bem preparados, motivados e acompanhados. Estas comunidades sofrerão muito no futuro, porque o alicerce da catequese que forma e dá identidade aos futuros cristãos não foi bem preparado e testemunhado.
Catequista preparado, bênção para a comunidade
Queremos todos os catequistas a tomar a sério este grande ministério do anúncio que é a catequese.
Solicitamos aos catequistas que sejam bem identificados na sua missão de anunciar a palavra de Deus, para transmitir o anúncio do Reino de Deus com paixão a com uma fé convencida e comprometida.
Acreditamos que os catequistas bem preparados são e serão uma bênção para as comunidades, porque irão gerar, com o anúncio apaixonado de Jesus Cristo, novos filhos de Deus.
Convidamos os catequistas a terem uma boa competência e conhecimento da Palavra de Deus e das ciências humanas, preparando-se com diligência e oração para cada encontro de catequese, sabendo que estão ao serviço de Deus. Estes catequistas são como a casa construída sobre a rocha (Mt 7,21.24-27), poderão chegar os ventos forte das ideias e propostas falsas e enganadoras que querem derrubar os catecúmenos e as comunidades, mas não conseguirão derrotá-los, porque aquele anúncio foi dado com a força do Espírito Santo, com o testemunho de vida e entrou no coração e na vida dos catecúmenos ou catequizandos.
Exemplo de vida. Ir. Maria De Coppi
Uma testemunha de hoje que nos pode iluminar é a Irmã Maria De Coppi morta pelos terroristas no dia 6 de Setembro de 2022 na paróquia de Chipene (Memba-Nampula). Ela foi uma santa missionária que viveu sessenta anos, servindo e amando com profunda ternura e fidelidade o povo mais pobre e abandonado. Acreditamos que o seu testemunho feito com uma fé inquebrantável, não será esquecido se bem que lhe foi tirada a vida física, porque os mártires e as testemunhas de fé autênticos, viverão e animarão sempre o povo onde foram colocados. A Irmã Maria era uma catequista que não desistiu de anunciar o evangelho da vida em todos os tempos difíceis da guerra, da perseguição religiosa e nos lugares aonde ainda o evangelho não tinha chegado.
Os mártires de Tataulo
Nos mesmos dias que os terroristas feriram mortalmente a Irmã Maria, eles também foram a uma comunidade vizinha chamada Tataulo onde encontraram a povoação daquela zona. Logo os terroristas pediram ao povo presente de dividir-se em grupos: homens e mulheres, cristãos e muçulmanos. Ao manifestar-se com coragem os primeiros três cristãos, logo foram presos e amarrados com corda. A seguir estes cristãos presos foram degolados com a faca. Enquanto matavam o primeiro, lhe puseram-lhe no peito o livro da liturgia “Masu Apwiya”. Ao segundo puseram-lhe no peito a Bíblia. Ao terceiro o Catecismo da 3ª etapa.
O primeiro era Francisco Rimo, baptizado e casado na igreja com nove filhos; o segundo chamava-se Celestino Santos Metupia, também baptizado, casado na igreja e catequista. Tinha sete filhos. O terceiro, Silva António, era catecúmeno e tinha dois filhos. Sendo estes homens mortos em ódio á fé, acreditamos que são agora os nossos mártires que não recusaram testemunhar a própria fé até entregar a própria vida com coragem e santidade. Estamos convencidos que a semente do seu sangue fará surgir novos e santos cristãos.
Por isso, estes três mártires (catecúmeno, cristão e catequista) mais os catequistas de Guiúa, que doaram a própria vida para não renegarem a própria fé, sejam para cada catequista uma luz e um encorajamento a tomarem a sério esta grande missão que Deus lhes confia.
Por fim, desejamos a todos os catequistas uma boa preparação e um bom começo de catequese feito com um coração ardente e com os pés no caminho.
Por: Pe. Davide de Guidi