Questão de fé: O que é o perdão?

O que é o perdão
O perdão é um processo mental e espiritual que visa a eliminação de qualquer ressentimento, raiva, rancor ou outro sentimento negativo sobre determinada pessoa, ou por si próprio.
Perdão aplica-se a vários âmbitos, tais como Judicial ou Religioso. O perdão judicial consiste na abolição da culpa de um indivíduo, perante o Estado, quando este comete delitos sob circunstâncias que estão expressamente definidas no código penal, sendo assim dispensado de cumprir uma pena.
Vamos agora aprofundar o âmbito religioso do “Perdão”.
Perdão cristão
Nós professamos que somos criados à imagem e semelhança de Deus. Deus tem compaixão e misericórdia de nós e nos perdoa por todas as nossas falhas. Portanto, o esforço em perdoar de cada um de nós, é uma resposta concreta ao que experimentamos no nosso relacionamento com Deus-Pai.
Por que devo perdoar?
“De fato, se vocês perdoarem aos homens os males que eles fizeram, o vosso Pai que está no céu também vos perdoará” (Mt 6,14). “Quando vocês estiverem rezando, perdoem tudo o que tiverem contra alguém, para que o vosso Pai que está no céu também perdoe os vossos pecados” (Mc 11,25).
Podemos pensar, a partir das palavras de Jesus, que é possível vivermos uma vida liberta, sem amarras, em paz connosco e em harmonia com Deus. Uma forma de conseguirmos é praticando o que Jesus nos ensinou. Fica claro, nas suas lições, que perdoarmos aos nossos irmãos é o que ele espera de nós.
O que é o perdão?
“Perdoar é permitir que a pessoa se aproxime” (Ef 2,13). Perdoar é uma união de arrependimento e sacrifício. Só há perdão se uma das partes estiver de fato arrependida e a outra verdadeiramente disposta a sentir a compaixão. Perdoar requer assumir os erros que cometemos e, acima de tudo, nos perdoarmos a nós mesmos.
Como praticar o perdão?
Perdoar, diferentemente do que pode parecer à primeira vista, não é esquecer. O perdão faz parte de um processo que, muitas vezes, é doloroso, mas extremamente necessário para a nossa libertação.
Quantas vezes perdoar?
Pedro pergunta: «Senhor, quantas vezes devo perdoar, se meu irmão pecar contra mim? Até sete vezes? E Jesus responde: “Não lhe digo que até sete vezes, mas até setenta vezes sete” (Mt 18,21-23). Jesus nos mostra nessa passagem que o perdão não é uma obrigação que podemos cumprir. Trata-se de uma postura que deve nos acompanhar sempre por onde formos.
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Alguns cardeais apresentaram ao Papa 5 questões doutrinais e uma destas era: “acerca da afirmação de que “o perdão é um direito humano” e a insistência do Santo Padre sobre o dever de absolver todos e sempre, para o qual o arrependimento não seria condição necessária para a absolvição sacramental.
Papa Francisco respondeu assim: a) O arrependimento é necessário para a validade da absolvição sacramental e implica a intenção de não pecar. Mas aqui não há matemática e devo recordar mais uma vez que o confessionário não é uma alfândega. Não somos os donos, mas humildes administradores dos Sacramentos que nutrem os fiéis, porque estes dons do Senhor, mais do que relíquias a conservar, são auxílio do Espírito Santo para a vida das pessoas.
b) Existem muitas maneiras de expressar arrependimento, mas só o ato de se aproximar da confissão é uma expressão simbólica de arrependimento e de busca da ajuda divina.
c) Seguindo São João Paulo II, defendo que não devemos pedir aos fiéis propósitos de correcção demasiados detalhados e firmes, que no final acabam por ser abstractos ou até mesmo narcisistas, mas inclusive a previsibilidade de uma nova queda “não prejudica a autenticidade do propósito” (são João Paulo II, Carta ao Card. William W. Baum e aos participantes do curso anual da Penitenciaria Apostólica, 22 de Março de 1996, 5).
d) Por fim, deve ser claro que todas as condições que normalmente se colocam na confissão geralmente não são aplicáveis quando a pessoa se encontra numa situação de agonia ou com as suas capacidades mentais e psíquicas muito limitadas.