Crónica: Os terremotos da paz, a falta de vedantes

A experiência mecânica atesta que motores e máquinas sem vedantes não conseguem reter óleos, graxas e outros tipos de fluidos, que devem ser contidos no interior de uma máquina. Ademais, nem podem evitar a entrada de impurezas do meio externo. E os óleos nas máquinas são sempre de capital importância para possibilitar o pleno funcionamento dos equipamentos e reduzir o desgaste das peças.

Fitando o olhar para as nossas vidas neste país, Moçambique, fica bem visível que o nosso mal-estar na vida pessoal, social, económica, política e religiosa está associado à falta de vedantes. E quando faltam vedantes na vida, a gente caminha como veículo sem travões nem volante, que tanto na descida como na subida incorre em acidentes fatais e mortais. É preciso que nos vedemos contra o mal.  

Quando faltam vedantes na vida pessoal (individual), o homem ou a mulher perdem o rumo, andam sem foco, quase incapazes de distinguir o bem do mal.

Assim como a máquina sem vedantes é vulnerável às impurezas, uma pessoa sem vedantes, ou seja, que não se sabe controlar e traçar limites, mergulha em tudo o que o seu coração quer. Perde o horizonte de gerir a própria vida, buscando realizar os seus apelos passionais, vícios de consumo de álcool e drogas, e em tudo querer para si mesmo. Homem sem vedantes nem travões passionais vê todas as mulheres como suas namoradas e esposas. Mulher sem vedantes passionais se apaixona por todos homens que vê e encontra na rua. Homem e mulher sem vedantes no coração abraçam a todos os vícios, dormindo mais nas barracas que na própria casa, comprando mais bebidas que roupa e alimentação.

Entristece-me ver homens e mulheres que, ocupando altos graus profissionais e recebendo bom dinheiro, não conseguem construir a própria casa, limitando-se apenas a arrendar casas. Onde ficarão a viver os seus filhos assim que Deus os convidar para uma viagem sem regresso (morte)?

A falta de vedantes na vida social da pessoa. Faz com que ela prime em desrespeitar o bem-comum, a solidariedade, o amor fraterno, e a leve ao individualismo, a conflitos tribais e ao regionalismo. Preocupa-me que algumas pessoas em Moçambique se sintam mais importantes que as outras. Buscam colocar-se sempre como centro do universo. Acima de tudo, procuram humilhar e espezinhar outras pessoas por serem desta ou daquela tribo, ou cultura.

Esta realidade, a falta de vedantes na órbita social, faz que as pessoas se dividam desnecessariamente em classes sociais: leva os ricos a querer andar entre si, mulatos entre si, brancos entre si, e, por conseguinte, os pobres vêem-se também na obrigação de andar e dialogar entre si, uma vez que são excluídos pelos que se julgam mais inteligentes e importantes da sociedade.

Naturalmente, o homem é um ser social, chamado a abrir os seus laços de amizade sem fazer acepção de pessoas. Não obstante isso, na vida social, a falta de vedantes pode levar o homem ou a mulher a envolver-se com grupos de malfeitores, dos que se insurgem contra o bem-comum, contra o bem-estar social.

Quando o homem ou a mulher semeiam vedantes na sua vida social, nele/a não recaem influências negativas que os de má vida querem engendrar nela. Buscam sempre ganhar procedimentos para bem-viver e estar de todos.                 

A falta de vedantes na vida económica. Leva o homem ou a mulher a usar todas as formas para sair a ganhar em tudo, independentemente dos critérios (justos ou injustos). Leva a sociedade a buscar usar mecanismos maquiavélicos segundo os quais “não interessam os meios, mas os fins”.

Quando Moçambique perdeu a noção de seus vedantes económicos e buscou ganhar sem medir a sua capacidade de reembolso, engoliu o vírus do escândalo das dívidas ocultas. Estragou os seus vedantes para “engolir sapos”. 

A falta de vedantes na vida política. Em 2022, o Santo Padre, Papa Francisco, definiu a política como “a arte do encontro, reflexão e acção”. Em contrapartida, o cenário que se vive no nosso país (abusos e fraudes eleitorais, enchimento de urnas, ódio à imprensa, corrupção) deixa tudo a desejar. Vive-se uma política desprovida de vedantes éticos e morais.

Quando faltam vedantes na vida política, aumentam conflitos internos nos partidos políticos, o medo de sucessão, o desejo de ganhar justa ou injustamente as eleições. A falta de vedantes políticos em Moçambique ofende o multipartidarismo e a democracia, fazendo-nos retornar ao monopartidarismo e ao cultivo de ideologias políticas que odeiam a vontade do povo.

As eleições autárquicas de Outubro de 2023, recheadas de ideologias políticas viciadas, provocaram lamúrias e choros em todos os cantos. Cada moçambicano chorou amargamente na sua língua: uns choraram em Emakhuwa, Xitsonga, Ciyao, Cisena, XiChona, e outros em Echuwabo, Cinyanja, Xironga, Shimakonde, Cinyungue, XiChope, Bitonga e Kiswahili. Os moçambicanos precisam de ter vedantes que impeçam práticas corruptivas, que impeçam enchimento de urnas, vedantes que dêem lugar a eleições justas e transparentes.

Que nos espera o próximo Outubro? Não sei.    

Falta de vedantes na vida religiosa. Quando faltam vedantes na vida religiosa, ganham no coração humano divisões nas comunidades, falta de fraternidade, ódio entre irmãos, troca de igrejas, ideologias partidárias nas comunidades, a falar mal dos Irmãos; leva os fiéis a recorrerem uso de drogas e feitiçaria na conquista de poder e melhores lugares na comunidade.

Na realidade, um fiel com vedante no coração não dá lugar em si ao ódio, desavenças, atritos. Procura cultivar em si o amor e fraternidade.

Quem tem ouvidos, ouça!

Por: Giovanni Muacua   

        

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CARITAS NACALA

Fraqueza e Anemia

Aqui vão 3 receitas para combater a fraqueza do corpo e a anemia

1. O pó da folha de mandioca é um alimento rico em vitamina A e Ferro.

Secar as folhas de mandioca à sombra, pilar e peneirar. Guardar numa vasilha fechada.

Usar uma colher às refeições.

2. Duas folhas de aloés vera (babosa), 2chávenas d mel de abelha, 2 colheres de aguardente.

Pilar as folhas de aloés, depois juntar o mel e a aguardente.

Tomar uma colher de sopa 15 minutos antes de cada refeição.

3. Uma batata de “namuassa” (chamada também batata africana) cortada em rodelas.

Põe-se numa panela com 1 litro e meio ou 2 litros de água fria, dependendo do tamanho da batata. Pôr no lume e deixar ferver 10minutos.

Tomar 3 copos por dia, antes das refeições. Aumenta a resistência do organismo contra as infecções.