Mulher e empreendedorismo rural
Muito tem se falado sobre o empreendedorismo, em todos os cantos do planeta. Porém, na sua generalização, quer seja por definição e quer seja por descrição, raramente se tem falado sobre este segmento do empreendedorismo rural.
Não poucas vezes, nos fóruns onde se debate os desafios da mulher e da rapariga, geralmente, as participantes são apenas as empreendedoras que vivem nas grandes cidades, esquecendo-se que no campo, existe um grande número de mulheres e raparigas que produzem alimentos agrícolas e a matéria-prima agrícola que alimenta as unidades de processamento existentes nas cidades.
Neste contexto, segundo a nossa fonte, a Empreendedora Rural, é aquela pessoa que movida pela vontade de criar algo novo e fazer diferença no mercado, é capaz de assumir riscos e responsabilidades em busca de seus objectivos, para se tornar uma pessoa de sucesso.
Para tal, ela precisa de possuir habilidades, criatividade, capacidade de inovação, liderança, pro-actividade, paciência e perseverança.
Agricultura familiar
O empreendedorismo rural está ligado à agricultura familiar mais do que se imagina.
A Empreendedora Rural, é aquela pessoa que tem capacidade de identificar problemas e oportunidades ligados ao sector rural e transformá-los em soluções benéficas para a sociedade em geral, sendo conhecido também como agro-negócio. A este propósito, a Empreendedora Rural, pode oferecer serviços, vendendo os seus diversos produtos agrícolas.
A história da empreendedora Berta
Num distrito remoto, na província de Manica, a VN descobriu a Berta Arlindo de 24 anos de idade, que se destaca como uma verdadeira empreendedora rural, desafiando as adversidades locais para construir o seu próprio destino.
Residente em Macossa, formada em Contabilidade e Auditoria pela Universidade de Chimoio, Berta decidiu enfrentar a situação do desemprego e iniciou um negócio de criação e venda de frangos, no ano passado.
Para Berta, o desemprego foi o catalisador que a impulsionou a encontrar soluções para enfrentar as despesas da casa. Apesar dos esforços para procura de emprego após os estudos, não teve sucesso.
Soubemos igualmente, que mesmo com o marido empregado, o desejo de ser auto-suficiente e independente a motivou a empreender.
Daí que, ser empreendedora em Macossa não é uma tarefa fácil. O sucesso do seu negócio de frangos depende fortemente dos picos do mercado, como durante o Natal e o Ano Novo, época essa em que a demanda aumenta.
No entanto, em épocas não festivas, enfrenta meses mais lentos, tornando difícil a venda de seus produtos.
Em adição a isso, a Berta enfrenta desafios adicionais devido à falta de acesso a produtos relacionados com a avicultura e os medicamentos para tratar as doenças dos frangos, já que em Macossa não há nenhuma loja especializada.
Consequentemente, a falta de acesso a esses recursos a obriga a viajar durante cinco horas até Chimoio sempre que se depara com problemas de saúde dos seus frangos. Mas, apesar desses obstáculos, Berta permanece optimista, reconhecendo as contingências do país, sempre sorrindo diante das dificuldades.
Razões do negócio da Berta
A dona Berta decidiu iniciar o negócio dos frangos por duas razões principais, a saber: a primeira razão, tem a ver com o facto de ela ter notado a ausência de concorrência directa na criação de frangos em Macossa, oferecendo uma oportunidade única de negócio. Segunda razão, ela reconheceu o valor nutricional do frango, especialmente numa região onde o acesso a fontes de proteína animal pode ser limitado.
E com vista a diversificar a sua actividade, esta empreendedora tem feito a distribuição de sementes à comunidade local, para a prática de agricultura. Além disso, Berta espera tirar proveito das formações previstas pelo programa em microcrédito ou marketing, visando atrair novos clientes e melhorar a estrutura do seu negócio.
Nesta nova frente, ela reconhece os desafios adicionais que as mulheres empreendedoras enfrentam em Macossa, devido à falta de oportunidades, mas a sua resiliência e determinação, são fontes de inspiração.
A história da Berta destaca não apenas as dificuldades enfrentadas, mas também a importância de programas levados a cabo por algumas instituições como DELPAZ, em capacitar e apoiar as Comunidades locais, especialmente para as mulheres e raparigas, em busca de auto-suficiência económica.
Enfim, queridas mulheres não desanimem, o empreendedorismo rural está a vossa frente com tudo aquilo que a terra pode produzir e que pode ser comercializado.
Por: Judite Macuacua Pinto