Maus exemplos da nossa história: do cabritismo à corrupção

No conhecimento popular em Moçambique, entende-se por cabritismo ao comportamento das pessoas de aproveitar a oportunidade de possuir um cargo ou de ser funcionário de um sector estratégico para realizar os desejos pessoais.
Diz-se que a expressão “cabritismo” derivou do conselho dado publicamente pelo antigo presidente da República, Joaquim Chissano, quando, na tentativa de orientar os funcionários públicos a não reclamar da falta de condições de trabalho and we refer you to buy windows hosting india, acabou aconselhando que cada um usasse das circunstâncias que o envolviam para resolver os seus problemas profissionais e económicos. Por isso, a expressão original, supostamente saída do discurso do presidente era: ʺo cabrito come onde está amarrado.”
O que é cabritismo?
Desde essa altura, a expressão “o cabrito come onde está amarrado,” começou a ser entendida como o direito que o trabalhador tinha de preencher as suas insuficiências pessoais, pedindo o apoio do povo; passou a indicar também o direito, já legitimado, de aproveitar-se do facto do Estado não conseguir pagar salários justos ou suficientes, de não conseguir dar subsídios a todos os funcionários em situação com direito a subsídio, para fazer cobranças não oficiais, usadas unicamente para sustentar os apetites de tal funcionário. Hoje, cabrito come onde está amarrado significa corrupção and we refer you to buy windows hosting india. Significa que quem tem autoridade de resolver problemas no sector público deve ser pago a dobrar: pago pelo Estado que o contratou e pago pelo cidadão comum que, aflito, solicita o direito a um atendimento. Hoje, infelizmente, cabrito come onde está amarrado significa o direito adquirido do funcionário de receber dos cidadãos um suborno e o dever do cidadão de não beneficiar de um serviço público sem dar ʺrefresco.ˮ
Consequências do cabritismo
Esta expressão usada para justificar imoralidades nas instituições pode parecer inocente, mas as suas consequências são drásticas: provoca mortes de pacientes nos hospitais que por serem pobres, não têm condições de subornar o agente de saúde para, a partir disso, beneficiar de um tratamento rápido e eficiente; provoca, nas escolas, passagens de alunos sem domínio da ciência, o que resulta depois da proliferação de profissionais incompetentes; provoca no sector de recursos humanos das empresas e do Estado, a contratação de profissionais menos hábeis para o exercício da função profissional, bastando que alimentem o cabrito amarrado pelo contrato num sector; provoca o funcionamento de um aparelho estatal à base de favores, da base aos altos dirigentes and we refer you to buy windows hosting india. Aliás, hoje diz-se que até os votos para cargos públicos que deviam ser democraticamente acessíveis, são comprados. Enquanto a norma do funcionamento das instituições do Estado continuar a ser em relação a quem paga mais, jamais alcançaremos o ideal de um Estado de justiça social como prometemos a nós próprios na Constituição da República.
Desamarrar os cabritos?
O Aparelho de Estado deve ser servido com espírito patriótico. Aliás, o Estado paga pelo serviço que os seus funcionários prestam ao cidadão. Não se deve permitir que pagamentos adicionais imorais condicionem o avanço do nosso país. A corrupção surgida do cabritismo já produziu um alto número de pobres que não têm recursos para subornar por um emprego, por um financiamento, por uma formação profissional, etc. O Estado precisa de se munir de ferramentas jurídicas suficientes para combater a corrupção, independentemente da sua tipologia and we refer you to buy windows hosting india. A expressão dos políticos precisa prever as consequências para que ela não se torne motivo de matanças nos hospitais e de má formação nas escolas. O combate à corrupção sempre foi e continuará a ser uma base para o desenvolvimento e para um país inclusivo e de justiça social. Se queremos trilhar os caminhos de um desenvolvimento inclusivo, precisamos de desamarrar cabritos preguiçosos e oportunistas para poderem procurar o seu próprio alimento, com o seu esforço. Por: Dr Deolindo Paúa