Em quem posso ir votar eu?
Em quem posso ir votar eu?
Estimada Vida Nova (VN). Sou Alfredo Marupi, cidadão moçambicano. Ando muito interrogado e preocupado com a crise política que se regista no nosso país: conflitos internos dos partidos políticos e discussões entre eles no quadro das eleições presidenciais que se aproximam. Nas eleições autárquicas passadas pintei em vão os meus dedos, ficando sem vitória nas minhas expectativas políticas. Confesso que a ladroagem e as irregularidades eleitorais registadas na vez passada, desanimaram-me ética e moralmente. Nem sei se voltarei a votar. Peço ajuda.
VN – Querido Marupi, é preocupante a sua tendência à indiferença eleitoral sob pretexto de insatisfação dos resultados. Uma das formas de nos libertarmos de corruptos, lambe-botas e ladrões, consiste no exercício do nosso direito cívico. O votar é um direito e dever cívico de cada cidadão. E o destino deste país depende de nós todos. Em quem pode ir votar? Não compete a nós indicar. A nossa proposta é de, caro leitor, ir votar num candidato cujo projecto político se inspira nas melhores condições para o nosso país. Naquele que pode respeitar o bem-comum, a subsidiariedade e solidariedade.
Até quando com gravidezes indesejadas?
Sou Vânia Orlando. Tenho 45 anos de idade. Estou muito preocupada em ver meninas menores de 18 anos de idade com 2 ou mais filhos. A minha interrogação consiste em que no ordenamento jurídico moçambicano, as uniões prematuras são condenáveis, ou seja, puníveis em termos da lei. Mas, na vida prática, constata-se que há muitos violadores impuníveis, homens que carregam em si mulheres menores de idade, usando-as sem responsabilização, e muitas vezes sob o olhar cúmplice das autoridades. Como podemos fazer para vencer esta preocupante situação?
VN – Querida Vânia, tem uma justa colocação a sua pergunta. De facto isso é deveras preocupante. Vive-se actualmente uma alta perversão moral. Parece que hoje em dia o sexo ganhou espaço de produtos de primeira necessidade e, por conseguinte, há um boom de gravidezes indesejadas, expressão viva de crescimento da indisciplina afectiva. Encontramos hoje criança ao colo de outra criança sem coragem de chamar a outra de mãe. Nalgum momento isso resulta da falta de acompanhamento pelos próprios pais, falta de testemunho de vida, pobreza, vícios, etc. Ora, como podemos estancar isso? A mudança do cenário exige de todos (pais, encarregados de educação e autoridades civis) incentivar as meninas a abraçarem a educação como chave de sucesso. Trata-se de uma espécie de campanha de mudança de comportamentos a ser promovida nas escolas, igrejas, comunidades, recurso às redes sociais para desencorajar uniões prematuras e censurar envolvimento sexual dos adultos com menores.
Preocupada com o meu relacionamento
Querida VN, sou Judite Eugénio, jovem cristã católica baptizada e crismada. Casei-me com um muçulmano há 5 anos. Preocupa-me que nos últimos dois anos o meu relacionamento está em decadência. O meu marido está a me exigir seguir a religião dele, a islâmica, ameaçando-me de separação caso não consentir. E eu nem gostaria de deixar a minha igreja católica. Que faço?
VN – Querida Judite, o ordenamento jurídico moçambicano defende uma liberdade de consciência, de religião e de culto. Ninguém se deve dar o direito de impor religião ao outro: “Ninguém pode ser descriminado, perseguido, prejudicado, privado de direitos, beneficiado ou isento de deveres por causa da sua fé, convicção ou prática religiosa” (Art. 54/2 da Const. da Rep. de Moçambique). O seu marido deve respeitar a sua opção religiosa, mas, para o efeito, busquem sempre o diálogo. A diferença em confissões religiosas entre cônjuges não pode ser encarada como matéria para a desunião. Converse com o seu esposo e peça ajuda de outras pessoas para mediarem o vosso diálogo.