Bula de proclamação do Jubileu ordinário do ano 2025
A esperança não engana (Rm 5, 5). Sob o sinal da esperança, o apóstolo Paulo infunde coragem à comunidade cristã de Roma. A esperança é também a mensagem central do próximo Jubileu, que, segundo uma antiga tradição, o Papa proclama de vinte e cinco em vinte e cinco anos.
«Todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expectativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. A Palavra de Deus ajuda-nos a encontrar as razões para esperar.
A nascente da esperança
A esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: “Se de facto, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida” (Rm 5, 10).
Haja Paz
O primeiro sinal de esperança se traduz em paz para o mundo, mais uma vez imerso na tragédia da guerra. Será excessivo sonhar que as armas se calem e deixem de difundir destruição e morte? O Jubileu recorde que serão “chamados filhos de Deus” todos aqueles que se fazem “obreiros de paz” (Mt 5, 9). A necessidade da paz interpela a todos e impõe a prossecução de projectos concretos.
Partilha de bens
Fazendo ecoar a palavra antiga dos profetas, o Jubileu lembra que os bens da terra se destinam a todos, e não a poucos privilegiados. É preciso que seja generoso quem possui riquezas, reconhecendo o rosto dos irmãos em necessidade. Penso de modo particular naqueles que carecem de água e alimentação: a fome é uma chaga escandalosa no corpo da nossa humanidade, e convida todos a um rebate de consciência. Outro convite premente que desejo fazer, tendo em vista o Ano Jubilar, destina-se às nações mais ricas, para que reconheçam a gravidade de muitas decisões tomadas e estabeleçam o perdão das dívidas dos países que nunca poderão pagá-las.
Finalidade do Jubileu
Portanto, o próximo Jubileu há-de ser um Ano Santo caracterizado pela esperança que não conhece ocaso, a esperança em Deus. Que nos ajude também a reencontrar a confiança necessária, tanto na Igreja como na sociedade, no relacionamento interpessoal, nas relações internacionais, na promoção da dignidade de cada pessoa e no respeito pela criação. Que o testemunho crente seja fermento de esperança genuína no mundo, anúncio de novos céus e nova terra (2 Pd 3, 13), onde habite a justiça e a harmonia entre os povos, visando a realização da promessa do Senhor.