Laudato si: Tempo de cuidar da nossa Casa comum
A mensagem do Papa Francisco para o Tempo da Criação deste ano, quer apoiar a consciência que faz da esperança quase um milagre de Deus em nós, mas também à nossa volta: uma maravilha da graça que vai muito além do optimismo (ou pessimismo) com que podemos responder aos contextos históricos.
Movido pela agravação da crise climática, Papa Francisco lançou, em Outubro passado, um novo apelo “a todos os homens e mulheres de boa vontade”, a Exortação Apostólica “Laudate Deum”, muitas vezes citada também nesta nova mensagem. O apelo urgente à conversão, que vem da realidade histórica, mas que já está no coração do Evangelho, exige uma reviravolta que diz respeito às consciências, à mentalidade, aos hábitos de cada ser humano. O que é mais concreto, visível, terreno, o que o ar, a água, a terra, a biodiversidade e os pobres nos gritam no seu sofrimento, está intimamente ligado a uma revolução do espírito. É este acontecimento que quebra as cadeias que parecem dirigir o destino do mundo. O Novo pode germinar: tem de ser acolhido e cultivado, tem de ser reconhecido e assinalado.
O tempo da criação nos une
O texto do Papa é agora confiado sobretudo à meditação e à implementação de todas as mulheres e homens de boa vontade. Sabemos que o compromisso com o cuidado da natureza é um dos campos de reflexão e de ação mais agregadores, capaz de mobilizar energias jovens e espiritualidades diversas. É neste sentido que o apelo é dirigido especialmente aos cristãos pertencentes a várias Igrejas, dando a este evento uma dimensão ecuménica. Afirma o Reverendo Justin Welby, Arcebispo de Cantuária, da Comunhão Anglicana: “Diante da crise climática, proteger a Criação de Deus é um imperativo espiritual para os cristãos em toda a Igreja global. O Tempo da Criação nos inspirou a nos unirmos para orar e agir, para salvaguardar, sustentar e renovar a vida da Terra. É por isso que convidamos os cristãos de todo o mundo a orar pela unidade da Igreja, enquanto seguimos o chamamento de Cristo a proteger e renovar o que Deus nos confiou”.
Como viver o Tempo da criação
Ao celebrarmos o Tempo da Criação, é necessário lembrar que mais do que grandes eventos, somos chamados a iniciar processos para cultivar a escuta e a colaboração no espírito do ecumenismo, comprometendo-nos numa acção firme pela nossa casa comum.
Neste sentido, as actividades de educação e acção prática são fundamentais para ajudar a reforçar a necessidade de rever os nossos estilos de vida, o nosso modo de viver e consumir.
Há uma série de coisas concretas que cada um pode fazer na sua comunidade para esperar e agir com a Criação. Estas incluem, limpezas de locais públicos e plantios de árvores, iniciativas de reciclagem, hortas comunitárias. Mas também é importante promover eventos educativos, como palestras sobre questões ecológicas nas instituições de ensino, programas de Rádio e Televisão, eventos artísticos, concursos de redacção e desenho ou apresentações musicais e culturais. Além de incluir nos programas de formação dos vários agentes de pastoral das paróquias, temas relacionados com o cuidado ambiental e a conservação da natureza.
Movimento Laudato si
Para sermos ainda mais credíveis, não poderíamos deixar de nos juntar ao Movimento Laudato Si, como alguns já fizeram, neste caso criando grupos de encontro e de trabalho, como já acontece, por exemplo, em Nampula e Nacala. Para tal, basta entrar em lauadatosimovement.org e seguir as indicações e condições necessárias para se juntar a esta grande comunidade.
As razões para apoiar o Movimento Laudato Si incluem o seguinte: promover uma Igreja que dê o exemplo no cultivo de práticas de vida sustentáveis. Trabalhar juntos, para plantar sementes de esperança e mudança em corações e mentes dos crentes de todo o mundo. Deixar um legado de cuidado e ação ambiental enraizado na fé e nos princípios evangélicos.
De facto, o contributo mais específico duma pastoral ecológica e de educação da fé para a solução dos problemas ambientais, consiste no anúncio daquele suplemento de esperança e de motivação que é o conteúdo próprio do Evangelho.
A pastoral transmite uma mensagem que é essencialmente uma promessa de Deus. Esta promessa oferece aos crentes, envolvidos na crise ecológica e confrontados com este problema, a única força capaz de mobilizar as energias morais necessárias para a sua solução. Então, a própria esperança é o horizonte último de toda a acção pastoral e evangelizadora, que nos incita a sair dos nossos limites e a construir juntos um mundo mais justo e respeitador das suas criaturas.
Por: Pe. Max Robol