Hora de repensar Moçambique
No ano de 2020, o antigo embaixador dos Estados Unidos, Dennis Jett, caracterizou Moçambique como um país à beira de se tornar “um Estado falhado, cuja democracia é uma farsa” (VOA, 8.3.2020). O termo “Estado falhado” geralmente se refere a um Estado onde as instituições governamentais são incapazes de fornecer serviços básicos, garantir segurança e protecção aos cidadãos, e onde a autoridade central é fraca ou inexistente em algumas áreas do país. Embora Moçambique não se enquadre completamente nessa definição, as preocupações com a fragilidade institucional e a governação deficiente são válidas. Esta análise exige uma reflexão séria e criteriosa sobre Moçambique, um país rico em recursos naturais, cultura vibrante e uma população resiliente.
Vozes não faltam que julgam necessário “reiniciar” o país. Parado no tempo e estagnado na lama, este país requer um novo começo. A ideia de “reiniciar” Moçambique reflecte a necessidade de uma transformação profunda em várias áreas da sociedade moçambicana. Para tal, é imperativo um compromisso responsável e colaborativo de todos os sectores da sociedade. Isso inclui a promoção de uma governação transparente e responsável para combater a corrupção, investir em sectores económicos sustentáveis para promover o crescimento inclusivo, garantir acesso universal a serviços básicos de educação e saúde, promover a paz e a reconciliação nacional, proteger o meio ambiente e promover a inclusão social e o respeito pelos direitos humanos. Ou seja, “reiniciar” Moçambique significa trabalhar juntos para superar desafios e promover mudanças positivas em direcção a um futuro mais próspero e sustentável para o país e seu povo.
Neste ano eleitoral, é dever de cada cidadão cooperar na escolha de um programa político capaz de fazer esse reinício do país. Com efeito, “aos órgãos eleitorais recai a responsabilidade de zelar pela transparência e independência de todas as decisões tomadas, levando a sério a expressão da vontade popular, evitando a manipulação e a desinformação. Urge aos órgãos eleitorais devolver a confiança aos eleitores, para que eles se sintam parte dos processos e, assim, contribuam eficazmente na construção de um país cada vez mais democrático” (Nota Pastoral da CEM, 2024).
Repensar Moçambique requer o envolvimento de todos os cidadãos em idade eleitoral na tomada de decisões conscientes, informadas e responsáveis. Considerando o cenário actual do país, o futuro Presidente de Moçambique enfrentará uma série de desafios complexos e urgentes, a destacar: compromisso com a estabilidade política e paz; combate a corrupção estrutural e enraizada e fortalecimento da governação; Impulsionar o desenvolvimento económico sustentável e inclusivo, protegendo o meio ambiente e promovendo a resiliência às mudanças climáticas; Investimento na qualidade da educação, saúde e serviços básicos; promoção dos direitos humanos e da inclusão social. Em suma, espera-se que o futuro presidente actue de forma diligente e dedicada para abordar essas questões fundamentais e promover o bem-estar de todos os moçambicanos.
Portanto, o perfil do futuro Presidente da República de Moçambique em um cenário de reinício deve combinar integridade, visão, competência, empatia e capacidade de liderança para orientar o país em direcção a um futuro mais próspero, justo e sustentável.
Unidos na fé!
Pe Cantífula de Castro