Conflito pós-eleitoral: “Não é só, o fruto ou resultado das eleições. É um certo cansaço que se encontra” Pe. Pinho
Por: Cremildo Alexandre
O Director do Secretariado da Pastoral da arquidiocese de Nampula, entende que para a resolução do conflito pós eleitoral que Moçambique vive é necessário centrar-se pelas causas e não consequências.
A Igreja católica em Moçambique continua preocupada com os conflitos políticos que a nação moçambicana atravessa, que culmina com perdas humanas que consequentemente coloca em causa a paz.
Segundo o Centro para Democracia e Direitos humanos, mais de 60 pessoas morreram em Moçambique, durante os protestos contra os resultados eleitorais de 9 de Outubro, que dá vitória o partido FRELIMO e seu candidato Daniel Chapo.
O Director do Secretariado da Pastoral da Arquidiocese de Nampula, Pe. Pinho Dos Santos Afonso Martins, que lamenta pelas perdas humanas sobre tudo de jovens, disse ser fundamental olhar pelas duas causas, as que considerou próximas e remotas para o fim da tensão eleitoral.
“Causas próximas, é sim, as eleições, os frutos das eleições, que um grupo de moçambicanos consideraram como fraudulentas e consideraram como injustas. E outro grupo dos moçambicanos dizem que foram eleições livres e justas. E aqui não há um entendimento. Esta é a causa próxima que nós encontramos, mas existe a causa remota. Esta causa remota que nós temos é aquilo que traz o descontentamento de jogos. Quer dizer, vence que os jovens estavam a espera de alguém para eles começarem a agir. E o que faz com que isso seja? É que estão a serem dadas transformações metamorfoses ao longo deste processo. Conseguimos notar que, afinal, não é só, afinal, o fruto ou resultado das eleições. É um certo cansaço que se encontra” afirmou.
Estes factores para o padre Pinho, não é correspondente as políticas ou contrato social que o Estado faz para com o seu povo.
“O povo quando elege alguém diz, eu estou a colocar nas tuas mãos, estou a colocar nas mãos de vocês, aquelas que são as minhas preocupações, quer dizer, a minha justiça deve ser feita. Então quer dizer, também quem está de lado da gestão do país deve ter em consideração isto. Que há este descontentamento, sobretudo da parte da juventude, em que nós os adultos temos 3, 4, 5 empregos, mesmo com a lei de propriedade que nós temos, mas encontramos jovens que não têm, e esses estão a crescer e precisam de terem de certa maneira um acolhimento da parte do Estado” assegurou.
Salientar que, recentemente algumas organizações da Sociedade Civil que actuam na área de defesa dos direitos humanos, apresentaram denuncias a Procuradoria Geral da República contra a Polícia da República de Moçambique e serviço nacional de investigação criminal. A denúncia destaca grave violação dos direitos humanos durante as manifestações.