Esperança e proximidade

Por: vat.news
Depois de 9 anos, de 23 a 27 de Setembro, todos os Bispos de Moçambique foram a Roma para se encontrarem com o Papa e com os vários dicastérios da Igreja para uma avaliação da situação da Igreja em Moçambique. É assim chamada “visita ad Limina”.
A “Visita ad limina”, ou mais exactamente a “Visita ad limina apostolorum” é uma obrigação dos bispos diocesanos e outros prelados da Igreja Católica, de se encontrarem com o Papa, visitando os túmulos dos apóstolos São Pedro e São Paulo, em Roma.
No encontro com o Papa e com outros dicastérios da igreja, os bispos devem apresentar um relatório sobre a situação da diocese que lhes está confiada e, por sua vez, ouvir os conselhos e sugestões do Papa assim como das várias comissões eclesiásticas.
O programa da visita consistiu em 15 reuniões de avaliação, celebrações nas quatro basílicas maiores de Roma, um encontro com a comunidade moçambicana na cidade e uma audiência conjunta com o Papa Francisco.
É bom saber
No dicastério para a Causa dos Santos a CEM apresentou o caminho feito pelas duas causas de beatificação e canonização de Moçambique que neste momento estão na fase romana junto do dicastério: as causas dos Mártires de Guiúa (diocese de Inhambane) e a causa dos Mártires de Chapotera (diocese de Tete). Falou-se da importância dos mártires de ontem e de hoje para os católicos moçambicanos.
No dicastério para a Educação Católica a CEM falou da situação da educação em Moçambique e o papel da Igreja Católica neste sector. Além da educação, os responsáveis do dicastério motivaram os bispos para que as suas dioceses sejam promotoras, além da educação, também de cultura.
Na visita aos outros dicastérios, foram tratados os temas da família, jovens, movimentos laicais, novas comunidades eclesiais, justiça e paz, ecologia, desenvolvimento, saúde, segurança alimentar, migrantes e refugiados e a tutela de menores.
Entrevista a dom Inácio Saúre, arcebispo de Nampula e presidente da CEM
Como foi o encontro com o Papa Francisco?
Nós fomos recebidos pelo Santo Padre. O encontro decorreu num ambiente muito bom, muito fraterno, mesmo de sinodalidade. O Santo Padre, na sua espontaneidade, também preferiu que os Bispos interviessem directamente logo, sem a apresentação de discursos oficiais da parte da Conferência Episcopal e nem da sua parte. Então ele, logo nos deu a palavra depois das boas-vindas e começámos a falar.
Houve algum ponto da conversa importante para a nossa igreja?
Naturalmente que sim, por exemplo, nós apresentámos o grande desafio da formação dos sacerdotes. Graças a Deus em Moçambique temos muitas vocações, mas ao mesmo temo tempo também nos deparamos com dificuldades financeiras para a construção do Seminário, para o acolhimento destes jovens de boa vontade, e o Santo Padre foi muito atencioso a esta preocupação e deu-nos esperanças de podermos ter a possibilidade de continuar com este projecto, por exemplo para a conclusão do Seminário de Nampula.
Nós neste momento temos três Seminários diocesanos: um de Teologia, em Maputo; e dois de Filosofia: um está na Matola (na arquidiocese de Maputo) e o outro está em Nampula, e é este de Nampula que ainda está por concluir, e ainda há muito trabalho por fazer.
Trata-se de visita “ad Limina apostolorum”: o que significa, em poucas palavras?
Uma visita “ad Limina” significa vista às portas dos Apóstolos, é mesmo esse encontro com o Sucessor de Pedro e, portanto, um encontro que manifesta a nossa comunhão com toda a Igreja católica do mundo inteiro, e comunhão também do Santo Padre com a Igreja de Moçambique. O Santo Padre também visitou Moçambique recentemente em 2019 e, portanto, é um encontro importante.
O Papa Francisco que mensagem deu à Igreja em Moçambique?
A grande mensagem que o Santo Padre, enquanto Sucessor de Pedro, deu à Igreja em Moçambique foi uma mensagem de esperança: porque, para além da questão da formação dos sacerdotes nos Seminários, também falámos da problemática da guerra em Moçambique. E nós reiterámos o pedido ao Santo Padre, que também é o pedido do povo moçambicano, para que continue a rezar pela paz no nosso País, e ele mostrou muita proximidade e muita atenção, e que de facto está a seguir, e que nos acompanha. Então, deu-nos esta mensagem de esperança e de que podemos contar com a Igreja.