Daniel Chapo investido hoje como quinto PR e Polícia tenta desmobilizar manifestantes

Daniel Chapo é investido hoje, em Maputo, como quinto Presidente da República de Moçambique, o primeiro nascido já depois da independência do país, numa cerimónia com cerca de 2.500 convidados e a presença de dois chefes de Estado.
Atual secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo era governador da província de Inhambane quando, em maio de 2024, foi escolhido pelo Comité Central para ser candidato do partido no poder à sucessão de Filipe Nyusi, que cumpriu dois mandatos como presidente da República.
Em 23 de dezembro, Daniel Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional como vencedor da eleição a presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.
De acordo com o programa oficial da cerimónia de hoje, após a investidura, seguem-se discursos oficiais, momentos culturais, 21 salvas de canhão e a revista à Guarda de Honra das Forças Armadas de Defesa de Moçambique pelo novo comandante-em-chefe, Daniel Chapo, bem como um desfile militar.
Atual secretário-geral da Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), Daniel Chapo era governador da província de Inhambane quando, em maio de 2024, foi escolhido pelo Comité Central para ser candidato do partido no poder à sucessão de Filipe Nyusi, que cumpriu dois mandatos como Presidente da República.
Em 23 de dezembro, Daniel Chapo, 48 anos, foi proclamado pelo Conselho Constitucional como vencedor da eleição a Presidente da República, com 65,17% dos votos, nas eleições gerais de 09 de outubro, que incluíram legislativas e para assembleias provinciais, que a Frelimo também venceu.
Formado em Direito pela Faculdade de Direito da Universidade Eduardo Mondlane, em Maputo, em 2000, Daniel Francisco Chapo nasceu em Inhaminga, província de Sofala, centro de Moçambique, em 06 de janeiro de 1977, sendo por isso o primeiro Presidente da República nascido já depois da independência do país (1975).
Em entrevista exclusiva à Lusa em 04 de outubro, Daniel Chapo afirmou que nunca tinha equacionado concorrer à Presidência, mas que recebeu essa “missão” para “servir o povo”.
“Não, porque na Frelimo recebe-se missões. Nunca imaginei que seria um administrador distrital, mas depois como membro da Frelimo, fui chamado a esta missão, de dirigir o distrito de Nacala-Velha, em Nampula. Depois também recebi a missão de dirigir o distrito de Palma em Cabo Delgado, quando começaram os projetos de gás e depois também governador de Inhambane”, explicou.
Os Presidentes da África do Sul, Cyril Ramaphosa, e da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, são os únicos chefes de Estado presentes na cerimónia de hoje, com 2.500 convidados.
Além de dois estadistas, estão presentes três vice-Presidentes, nomeadamente da Tanzânia, Maláui e Quénia, bem como os primeiros-ministros de Essuatíni e do Ruanda e oito ministros, incluindo o ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros de Portugal, Paulo Rangel.
A eleição de Daniel Chapo tem sido contestada nas ruas desde outubro, com manifestantes pró-Mondlane — candidato que segundo o Conselho Constitucional obteve apenas 24% dos votos mas que reclama vitória — em protestos a exigirem a “reposição da verdade eleitoral, com barricadas, pilhagens e confrontos com a polícia, que tem vindo a realizar disparos para tentar a desmobilização.
PR sul-africano espera “espírito de unidade” para “futuro mais brilhante”
Em comunicado, Cyril Ramaphosa referiu que a tomada de posse de Daniel Chapo “constitui uma oportunidade para todo o povo de Moçambique trabalhar em conjunto em prol da paz, da democracia e do desenvolvimento”.

Ramaphosa acrescentou que espera trabalhar em estreita colaboração com o Presidente Daniel Chapo “para reforçar ainda mais as fortes relações fraternas existentes entre os dois países” vizinhos.
O chefe de Estado sul-africano chegou hoje a Maputo, acompanhado pelos ministros das Relações Internacionais e Cooperação e da Presidência, para assistir à tomada de posse de Chapo, em que participa apenas mais um Presidente, o guineense Umaro Sissoco Embaló.
Portugal está representado pelo chefe da diplomacia, Paulo Rangel.
Polícia tenta desmobilizar manifestantes à entrada de Maputo
Na zona do Bairro Luís Cabral, grupos de jovens começaram a incendiar pneus cerca das 09h00 locais (menos duas horas em Lisboa), cortando a N4, que liga a Matola à entrada de Maputo, levando a polícia a fazer vários disparos na tentativa de os desmobilizar.
À passagem da Unidade de Intervenção Rápida (UIR), os manifestantes respondiam com arremesso de pedras e garrafas, enquanto a polícia tentativa retirar alguns dos pneus em chamas, ao mesmo tempo que grupos carregavam outros para a via, já bloqueada também com pedras, à semelhança do que tem acontecido nos protestos pós-eleitorais que se verificam desde 21 de outubro no país.

“Só o Venâncio é capaz de parar isto”, gritava um dos manifestantes, enquanto a polícia realizava novos disparos.
Em simultâneo, noutro ponto da cidade, já a comitiva transportava o novo Presidente, Daniel Chapo, para a cerimónia de posse, na Praça da Independência, centro de Maputo.
Um forte aparato policial e militar era visível hoje no centro da capital, antes da investidura de Daniel Chapo.
Várias artérias próximas ao local da investidura encontram-se encerradas ao trânsito por militares desde as primeiras horas da manhã, que controlam os acessos ao perímetro, juntamente com a polícia.
Também há unidades da Unidade de Intervenção Rápida da polícia posicionadas por toda a cidade, que se encontra praticamente deserta, em dia de tolerância de ponto devido à cerimónia de investidura. (Lusa)