Liturgia da palavra: 4º, 5º, 6º e 7º Domingo do Tempo Comum

Por: Pe. Serafim Muacua & Sebastião Mualinha
02/02/2025 – 4º Tempo Comum
Apresentação de Jesus no Templo, Festa
Mal 3,1-4; Heb 2,14-18; Lc 2,22-40 ou Lc 2,22-32
Consagrar vidas
A liturgia da palavra deste Domingo remete-nos a celebrarmos a festa de Apresentação de Jesus no Templo. Naquele tempo no Templo de Jerusalém, hoje no Templo das assembleias dos fiéis, no nosso corpo que é o “Templo do Espírito Santo”. A Família Maria e José apresenta o Menino Jesus no Templo para consagrá-lo a Deus. Momento de cada família cristã meditar onde apresenta os seus recém-nascidos. O muito importante na vida cristã é sabermos consagrar nossas famílias a Deus a exemplo de Maria e José.
Na vida cristã a prioridade tem de ser de nos consagrarmos a Deus, e não aos curandeiros (ou feiticeiros), nem às barracas.
A primeira leitura (Mal 3,1-4) diz-nos que o Menino apresentado no Templo é o mensageiro de Deus, enviado para nos purificar dos nossos pecados e nos fazer caminhar segundo a justiça. Ele vem e veio para nos purificar das nossas imundícies, da vida que nos leva a afundar o nosso país nas trevas: os assassínios, os enchimentos de urnas, a corrupção, os mal-entendidos, os murmúrios, a atitude de fazer vida negra aos irmãos, as roubalheiras, destruição de famílias, etc.
Na tónica do Evangelho (Lc 2,22-40), o Menino apresentado no Templo é uma salvação ao alcance de todos os povos. Mas este Menino “foi estabelecido para que muitos caiam ou se levantem em Israel e para ser sinal de contradição”. A queda de muitos de que se fala neste evangelho refere-se aos que não acatarem a mensagem da salvação que este Menino traz ao Mundo, e os que se vão levantar são todos os que se irão converter e seguir o caminho da justiça e da paz.
A carta aos Hebreus (Heb 2,14-18) apresenta-nos Jesus como Sacerdote que, assumindo o nosso corpo mortal, expia os pecados do povo e vem nos socorrer nos momentos de sofrimento e provações.
Compromisso
A Família Maria e José apresenta o Menino no Templo para consagrá-lo a Deus. Onde eu apresento a minha família: na comunidade cristã? Nos curandeiros ou barracas?
Deixar a mim e a minha família purificar-se pelo sangue de Cristo através da Comunhão Eucarística.
09/02/2025 – 5º Tempo Comum
Is 6, 1-2a.3-8; 1 Cor 15, 1-11; Lc 5,1-11
O discipulado exige renúncia
A liturgia deste domingo nos convida a meditar sobre a nossa vocação. Todos nós fazemos parte do chamado de Deus que nos dá uma missão no mundo.
Na primeira leitura, nos é apresentada a descrição da vocação do profeta Isaías. Como relata o texto, o profeta Isaías é um homem exemplar devido à sua sensibilidade quanto aos apelos de Deus e à coragem que tem ao aceitar ser enviado: “Eis-me aqui: podeis enviar-me”. Numa sociedade preocupada com interesses pessoais, egoísticos, sociedade na qual muitas pessoas estão preocupadas com altos graus académicos e cargos de chefia, a pergunta do Senhor continua sempre actual: “Quem enviarei? Quem irá por nós?”. O profeta Isaías, reagindo ao convite de Deus à missão, responde pela positiva: “Eis-me aqui: podeis enviar-me”.
Sob o mesmo horizonte vocacional, no Evangelho, São Lucas mostra-nos o estilo de vida dos discípulos de Jesus e como haviam partilhado a barca com Ele. O texto diz-nos que os discípulos aceitaram a proposta de Jesus, aceitando deixar-se transformar por Ele: passaram de pescadores de peixe para pescadores de homens. Segundo este evangelho, sem Jesus nada se pode realizar na vida. Por isso que Pedro declarou a Jesus: “Mestre, andámos na faina toda a noite e não apanhámos nada”. Mas com Jesus, os discípulos “apanharam tão grande quantidade de peixes que as redes começavam a romper-se”. Os nossos projectos de vida não chegam longe porque os realizamos sem Jesus, com pretensões de auto-suficiência, de vida sem Deus. Fazer vida com Jesus, seguir-Lhe, exige conversão e renúncia: “deixaram tudo e seguiram Jesus”.
A segunda leitura fala-nos sobre a ressurreição, explicando que ela é um acontecimento real que molda a vida do discipulado levando-nos a enfrentar, sem temor, as injustiças e a morte. O discípulo de Jesus, ao dar a continuidade à obra libertadora de Cristo, deve saber que está a dar testemunho da ressurreição.
COMPROMISSO
Buscar compreender e responder o chamado do Senhor para dar continuidade à obra libertadora que Cristo começou e nos confiou;
Procurar identificar os elementos que nos impedem a dar seguimento e a responder ao chamado do Senhor.
16/02/2025 – 6º Tempo Comum
Jer 17,5-8; 1Cor 15, 12.16-20; Lc 6, 17.20-26
As bem-aventuranças, percurso para uma vida feliz
A Palavra de Deus que a Igreja nos propõe na liturgia deste domingo leva-nos a meditar sobre o impacto do protagonismo e das propostas de Deus na nossa vida.
A primeira leitura (Jer 17,5-8) faz-nos o convite de depositarmos a nossa confiança no Senhor, vivendo de acordo com as propostas de Deus: “Bendito quem confia no Senhor e põe no Senhor a sua esperança”.
O Evangelho de São Lucas diz-nos que seremos “felizes” quando orientarmos a nossa vida à luz dos valores que Deus nos propõe, e seremos infelizes quando optarmos por viver no exclusivismo, na arrogância e no orgulho. Ademais, indica-nos que os amados de Deus são aqueles que vivem na simplicidade, na humildade e na fraqueza, embora à luz dos Homens estes sejam considerados desgraçados, marginais, pessoas sem capacidade de manifestar a sua voz perante os poderosos que presidem os destinos dos Homens.
Nas bem-aventuranças o cristão não é feliz porque sofre, mas porque deposita a sua confiança no Senhor e sofre por causa de sua fidelidade a Deus: “Bem-aventurados sereis, quando os homens vos odiarem, quando vos rejeitarem e proscreverem o vosso nome como infame, por causa do Filho do homem”.
Na segunda leitura, São Paulo assevera críticas contra os que negam a ressurreição dos mortos, tudo para enfatizar que assim como Jesus ressuscitou dos mortos, todos também havemos de ressuscitar dos mortos. A ser assim, a nossa vida não pode ser concebida simplesmente à luz dos critérios deste mundo, pois ela alcança o seu sentido pleno e absoluto quando, pela ressurreição, nos tornarmos Homem Novo. Mas, importa ressaltar que isso pode acontecer se não aderirmos à lógica deste mundo; quando a nossa existência se virar para Deus e para a vida plena que nos está reservada.
Infelizmente, ainda hoje há pessoas, entre os cristãos, que pensam que com a morte tudo acaba. E por causa dessa convicção fazem de tudo para comer de tudo e explorar o que existe neste mundo sem horizonte na vida futura: “Se é só para a vida presente que temos posta em Cristo a nossa esperança, somos os mais miseráveis de todos os homens”. Desta forma, com a Morte e Ressurreição de Jesus somos convidados a olhar na morte como passagem de uma etapa da vida para outra.
Compromisso
Que a pobreza em espírito, a humildade, a capacidade de chorar com as dores dos outros, a fome e sede de justiça, a prática da misericórdia, a pureza de coração e a capacidade de sofrermos por amor a Jesus, sejam, de facto, uma realidade na nossa vida quotidiana.
23/02/2025 – 7º Tempo Comum
1Sam 26, 2.7-9.12-13.22-23; 1 Cor 15, 45-49; Lc 6, 27-38
A Misericórdia de Deus
A liturgia de hoje convida-nos a ser misericordiosos como o nosso Deus é Misericordioso. Ser misericordioso é ter um coração aberto com quem está na miséria, no sofrimento. Somos convidados a reflectir sobre o nosso amor aos irmãos, sobretudo aos que se encontram em situações deploráveis. Para isso precisamos de carregar em nós um amor que se estende até aos nossos inimigos.
A primeira leitura apresenta-nos David, um homem de coração generoso e aberto ao perdão, que mesmo tendo a possibilidade de eliminar o seu inimigo opta por seguir a lógica do amor ao invés da violência.
No Evangelho, Jesus exorta aos seus discípulos a terem um coração sempre aberto ao perdão, em receber os outros sem olhar o tipo de pessoa. Não se trata de amar simplesmente àqueles que fazem parte do nosso seio familiar, do mesmo grupo social, da mesma raça, da mesma aldeia, do mesmo nível académico, da mesma igreja e/ou comunidade. Trata-se de amar a todos sem discriminação nenhuma, de um amor que nos leva a olhar o outro, mesmo sendo inimigo, como irmão.
A segunda leitura dá continuidade à catequese feita nos outros domingos sobre a ressurreição, fazendo ligação com o tema central da mensagem de Deus deste domingo: “o amor aos inimigos”. Sublinha que é na lógica do amor onde devemos preparar a plenitude da vida à qual Deus nos chama a fazer parte. Outrossim, São Paulo recorda-nos que o amor vivido de forma radical e sem limites é o anúncio do mundo novo que alcançaremos na vida pós-morte.
COMPROMISSO
O discípulo de Jesus Cristo deve estar sempre pronto para perdoar; e na sua relação com os outros procurar ser misericordioso para com os seus semelhantes;
Buscar fazer o bem para todos, sem excluir a ninguém, sem esperar recompensa e evitar ser como aqueles que vivem no exclusivismo amando só os que lhes querem bem.
BOX
O 33º Dia Mundial do Doente é celebrado no dia 11 de Fevereiro, memória litúrgica de Nossa Senhora de Lourdes, e na mensagem para este ano, o Papa escolheu como tema…………