Moçambique Precisa Romper a Dependência Militar do Ruanda, Alertam Pesquisadores

Pesquisadores alertam que Moçambique precisa fortalecer urgentemente sua capacidade militar para não ficar refém da defesa externa, atualmente garantida pelo Ruanda. Com o risco de sanções da Bélgica ao governo de Kigali, a presença ruandesa em Cabo Delgado pode ser ameaçada, deixando vastas áreas vulneráveis ao terrorismo.
Segundo Carta, o investigador Muhamad Yassine, da Universidade Joaquim Chissano, afirma que o país não pode continuar terceirizando sua segurança. Enquanto a protecção dos projectos de gás em Afungi é financiada por multinacionais, outras regiões podem ser abandonadas caso o Ruanda retire suas tropas. Além disso, Yassine alerta que o comportamento expansionista de Kigali, evidente na República Democrática do Congo, levanta dúvidas sobre suas verdadeiras intenções em Moçambique.
O pesquisador João Feijó, também citado pela Carta, destaca que a fragilidade estrutural do Estado moçambicano, agravada pelo desinvestimento e corrupção no sector da defesa, tornou o país dependente de apoio externo. No entanto, ele acredita que a União Europeia pode continuar financiando as operações ruandesas em Cabo Delgado para proteger seus próprios interesses econômicos na região, mesmo enquanto impõe sanções ao governo ruandês.
Fontes ligadas à missão de treino militar da UE, citadas pelo Carta, afirmam que, apesar das tensões geopolíticas, o apoio europeu tem ajudado a capacitar as forças moçambicanas no combate ao terrorismo.
A escalada diplomática entre Ruanda e Bélgica, marcada pela expulsão mútua de diplomatas, aumenta a incerteza sobre o futuro da presença ruandesa em Cabo Delgado. Diante desse cenário imprevisível, especialistas alertam: sem um exército fortalecido, Moçambique continuará vulnerável e incapaz de garantir sua própria segurança.