
11 de Fevereiro Dia Mundial do Doente
Esta celebração é uma ocasião para conhecer melhor a nossa realidade: como é que está a saúde dos moçambicanos?
– a esperança de vida ao nascer é de 53.7 anos;
– a taxa bruta de natalidade é de 37.9 x 1.000 hab;
– a taxa bruta de mortalidade é de 11.8 x 1.000 hab;
– a taxa mortalidade materna é de 451.6 x 100,000 nados vivos;
– a taxa de mortalidade infantil é de 67.3 x 1000 nados vivos;
– a taxa de mortalidade acima de 5 anos é de 79 x 1.000 nados vivos
(MISAU, Anuário de Estatísticas 2022, pag. 2).
Se comparamos estes dados com os dos anos passados podemos afirmar que grandes passos foram dados no campo da saúde mas, também, ainda há muito que fazer. Se os compararmos com os dados das nações mais a nossa frente, estamos a ver que ainda existe uma divisão profunda e incompreensível que nos divide delas.
O sistema de saúde de qualquer país é um determinante social que é influenciado e influencia outros determinantes sociais: a classe social, o género, a etnia e o local de residência estão intimamente ligados ao acesso, experiências e benefícios das pessoas em relação à assistência médica.
As estatísticas dizem que um em cada três moçambicanos que percebe a necessidade de saúde não utilizou os serviços de saúde mas dirigiu-se para medicina alternativa tradicional, e este comportamento é mais prevalecente entre as pessoas que vivem nas províncias do norte, em ambientes rurais, bem como as camadas socioeconómicas menos escolarizadas e mais pobres. As desigualdades sociais condicionam certos aspectos relativos à qualidade do acesso, o tipo de provedor de cuidados de saúde preferido, bem como a prevalência e intensidade das necessidades de saúde (relatório desigualdade em saúde moçambique, Medicus mundi).
Nos anos passado assistimos a meses de greve dos operadores de saúde que, além de outros assuntos, defendiam a sua dignidade salarial; neste últimos anos assistimos ao crescimento exponencial das clínicas e hospitais privados, cujo atendimento rápido ao paciente, está ligado ao factor económico. Tudo isto nos faz pensar que a saúde pública, como vínhamos experimentando, já está a mudar-se em saúde particular, mais lucrativa para poucos e mais longe para os muitos.
Portanto, o dia mundial do doente é a ocasião para reafirmar que, se um pais quer desenvolver se com rapidez deve garantir, apesar dos custos, o acesso à saúde para todos os seus cidadãos porque não esqueçamos que o acesso aos serviços de saúde pública de qualidade é crucial para uma saúde boa e equilibrada de toda a nação. Uma nação doente não cresce!
«A doença faz parte da nossa experiência humana. Mas pode tornar-se desumana, se for vivida no isolamento e no abandono, se não for acompanhada pelo desvelo e a compaixão. Ao caminhar juntos, é normal que alguém se sinta mal, tenha de parar pelo cansaço ou por qualquer percalço no percurso. É em tais momentos que se vê como estamos a caminhar: se é verdadeiramente um caminhar juntos, ou se se vai na mesma estrada mas cada um por conta própria, cuidando dos próprios interesses e deixando que os outros “se arranjem”. » (Papa Francisco 31º Mensagem para Dia do Doente 2023).