19 de Novembro de 2023, VII Dia Mundial dos Pobres «Nunca afastes de algum pobre o teu olhar» (Tb 4, 7)

O Dia Mundial dos Pobres instituído pelo papa Francisco há 7 anos, é uma ocasião para reflectir e responder à pergunta: “O que é que aconteceu à pobreza em Moçambique?”. Segundo as estatísticas (IGM, IV Avaliação Nacional – Pobreza e bem estar em Moçambique) no País o índice da pobreza reduziu desde 1990 quando Moçambique era considerado um dos países mais pobres do mundo, com uma pobreza estimada em 80 por cento da sua população total.

Hoje as estimativas das taxas de pobreza situam-se entre os 41 e 46 por cento da população, reflectindo entre 10,5 e 11,3 milhões de pessoas em pobreza absoluta. Hoje, podemos afirmar que a nível nacional, os níveis de bem-estar melhoraram, a pobreza reduziu quando comparados com os resultados dos inquéritos anteriores, mas a desigualdade regional persiste! Os dados estatísticos e a experiência no terreno indicam que o progresso significativo e os ganhos não contribuíram para a convergência nos níveis de bem-estar entre zonas urbanas e rurais segundo as regiões geográficas. O fosso entre zonas rurais e urbanas é largo e, na melhor hipótese, persistente. As condições de vida no Sul de Moçambique são muito melhores do que as observadas no Norte e Centro, para quase todas as dimensões de bem-estar consideradas e para todos os métodos.

Perante este cenário as comunidades cristãs são convidadas a fazer? Vamos acolher a palavra do Papa Francisco para que ilumine as nossas escolhas.

«Quando nos deparamos com um pobre, não podemos virar o olhar para o lado oposto, porque impediríamos a nós próprios de encontrar o rosto do Senhor Jesus. Não importa a cor da pele, a condição social, a proveniência. Somos chamados a ir ao encontro de todo o pobre e de todo o tipo de pobreza, sacudindo de nós mesmos a indiferença e a naturalidade com que defendemos um bem-estar ilusório…

Não obstante os limites e por vezes as lacunas da política para ver e servir o bem comum, possa desenvolver-se a solidariedade e a subsidiariedade de muitos cidadãos que acreditam no valor do empenho voluntário de dedicação aos pobres. Isto, naturalmente sem deixar de estimular e fazer pressão para que as instituições públicas cumpram do melhor modo possível o seu dever. Mas não adianta ficar passivamente à espera de receber tudo «do alto». E, quem vive em condição de pobreza, seja também envolvido e apoiado num processo de mudança e responsabilização…

É uma questão de justiça que nos obriga a todos a procurar-nos e encontrar-nos reciprocamente, favorecendo a harmonia necessária para que uma comunidade se possa identificar como tal. Portanto, interessar-se pelos pobres não se esgota em esmolas apressadas; pede para restabelecer as justas relações interpessoais que foram afectadas pela pobreza. ». (papa Francisco, mensagem 19/11/2023)

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