
A quarta revolução industrial
Desde a eclosão da pandemia do Coronavírus, o mundo viu-se forçado a reajustar a dinâmica do trabalho. Aliás, a prática de redução dos recursos humanos emergiu com a revolução industrial, no século XVIII quando as máquinas começaram a substituir pessoas. Isso produziu milhares de desempregados. Obviamente, os cenários de desemprego em massa e em escala global assustam, sobretudo com esta pandemia associada à crise económico-financeira.
Moçambique, por não ser uma ilha, partilha os efeitos globais não só do Coronavírus como também da crise económica. Os avanços que a tecnologia soma de forma crescente influencia também as novas dinâmicas laborais. Tanto é que já se fala da quarta revolução industrial, ou Indústria 4.0.
O conceito foi desenvolvido por Klaus Schwab, director e fundador do Fórum Económico Mundial. Para Schwab, a industrialização atingiu uma quarta fase, que novamente “transformará fundamentalmente a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos”. É, portanto, uma mudança de paradigma, não apenas mais uma etapa do desenvolvimento tecnológico.
A primeira revolução industrial (fim do século XVIII) mudou o paradigma totalmente artesanal, a partir do uso de carvão, vapor e ferro. A segunda revolução industrial ocorreu em meados do século XIX e teve como protagonistas a electricidade, a química e o petróleo. Na terceira revolução industrial (revolução informacional a partir da segunda metade do século XX) os primeiros computadores surgiram e aumentaram a velocidade para se realizar qualquer processo de desenvolvimento científico.
Paula Bellizia, Presidente da Microsoft no Brasil, subscreve a tese de Schwab ao afirmar que “estamos na quarta revolução industrial. O que acontece agora é que a velocidade e a ruptura são maiores. Portanto, quando falamos do treinamento de técnicos, mudança cultural, de adaptar essas pessoas a lidar com toda essa tecnologia e melhorar o seu trabalho a partir dela, é muito importante. Vai depender de nós, empresas, governos, academia, preparar o ser humano para o que vem pela frente. Parar eu acho que a gente não vai conseguir”.
Nos países desenvolvidos, a tecnologia já permite que as máquinas realizem metade das tarefas do trabalho de um humano, segundo McKinsey Global Institute.
E desde a emergência do Coronavírus já se fala de teletrabalho, teleconferência, telenamoro, telemissa, teleoração, telereunião, webinar, etc. Essa realidade imprime a necessidade de se repensar na formação das pessoas consoante as novas necessidades de trabalho.
Com efeito, as empresas e governos deverão investir no treinamento do pessoal para se munir de novas habilidades laborais. Isso implicará igualmente a recolocação dos profissionais conforme as suas competências para aprimorar novos empregos, novos negócios e garantir a inovação. Portanto, o novo contexto de trabalho requer políticas públicas que incentivem um update permanente dos profissionais nas suas empresas.
Assim, ao celebrar o mês dos trabalhadores deve-se repensar sobre a repercussão da quarta revolução industrial sobre a vida de muitos desempregados e o futuro das empresas no mundo global cujas exigências vão aquém do estágio actual em que se encontram.
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Unidos na fé!
P. Cantífula de Castro