
As capelas encerraram… a Igreja nunca!
Este tempo de pandemia, que fez encerrar as capelas por vários meses desde o ano passado, tem trazido à superfície, seja as deficiências e as fragilidades das nossas comunidades, bem como a coragem e as várias iniciativas, empreendidas pelas comunidades cristãs, para fazer face à necessidade da vivência espiritual, apesar da difícil situação que todo o Pais viveu e vive.
Porem, ainda hoje estamos num tempo incerto, não se sabe bem o que vai acontecer, com as vagas do vírus que vão e vêm, e isto gera nas pessoas medo e pessimismo.
Talvez, pelo facto de as capelas estarem fechadas tantos meses, esquecemos que elas não são simplesmente centro de serviços, isso é, distribuidoras de sacramentos e caridade!
As “capelas” foram fechadas para fazer face à pandemia, mas a “Igreja” nunca fechou. Portanto, continuemos a permitir que as capelas sejam lugares onde podemos caminhar lado ao lado com o Senhor e com os irmãos porque são comunidades, são Igreja. Somente através da experiência da vida comunitária que se manifesta no serviço ou na ministerialidade, e no encontro com a Palavra de Deus, faz nos tornar testemunhas vivas da vida de Deus.
Com certeza a reflexão dos vários temas apresentados na Lineamenta, para preparar a IV Assembleia Nacional de Pastoral será o lugar privilegiado e o caminho certo, para fazer uma revisão da nossa identidade: seja como cristãos ou como Igreja local que não oferece simplesmente serviços, mas se torna profética e propositiva como já o foi no passado.
Uma reflexão em mérito nos vem do Papa Francisco que comentando o evangelho de Marcos 4,35-41 disse: “Suplicado pelos discípulos, Jesus acalma o vento e as ondas. E faz-lhes uma pergunta, uma interrogação que também nos diz respeito: «Por que tendes medo? Ainda não tendes fé?».
Os discípulos deixaram-se surpreender pelo medo, pois tinham fixado mais as ondas do que Jesus. E o medo leva-nos a olhar para as dificuldades, para os problemas graves e não para o Senhor, que muitas vezes dorme. Acontece o mesmo connosco: quantas vezes olhamos para os problemas, em vez de ir ter com o Senhor para depor nele as nossas preocupações! Quantas vezes deixamos o Senhor num canto, no fundo do barco da vida, para o acordar apenas no momento da necessidade! Hoje peçamos a graça de uma fé que não se canse de procurar o Senhor, de bater à porta do seu Coração” (Angelus, Papa Francisco, 20/6/21).
Enfim, para repartir com as actividades paroquiais não olhemos, por medo, só as dificuldades mas vamos acordar o Senhor, que sim está a dormir, mas dorme connosco!