Chamados à Verdade Plena
CHAMADOS À VERDADE PLENA
A forma de encarar a vida e de celebrar a fé, nos dias que correm, difere sobremaneira dos padrões de há alguns anos atrás. A globalização e o fenómeno das seitas impõem novos modos de fazer e dinamizar a pastoral. Mercê disso, na presente edição dedicamos especial atenção ao tema das seitas e os desafios que se impõem à pastoral actual.
Torna-se urgente repensar num novo modelo de paróquia, de comunidade cristã e de discipulado. Cada cristão deve sentir-se único e especial aos olhos de Cristo e cada um deve sentir a Igreja como sua casa, sua família, lugar de comunhão e fraternidade.
A realidade vivida durante o tempo da paralisação forçada das celebrações públicas criou duas situações: por um lado, a sede de oração; por outro lado, o abandono e esquecimento das práticas religiosas. Algumas pessoas ficaram endurecidas na sua fé e perderam o norte. Para “resgatar” essas pessoas será preciso uma nova maneira de fazer a pastoral. Do burocratismo e medidas duras gera-se dissidentes e falsos obedientes, os ditos “yes man”, só para agradar. Do permissivismo (tudo serve e é permitido) e “deixa andar” gera-se anarquia e proselitismo.
O Papa Francisco insiste muito na proposta de uma Igreja em saída. “Em vez de ser apenas uma Igreja que acolhe e recebe, tendo as portas abertas, procuramos mesmo ser uma Igreja que encontra novos caminhos, que é capaz de sair de si mesma e ir ao encontro de quem não a frequenta, de quem abandonou ou lhe é indiferente. Quem a abandonou fê-lo, por vezes, por razões que, se forem bem compreendidas e avaliadas, podem levar a um regresso. Mas é necessário audácia, coragem” (Papa Francisco).
Aliado a isso, os cristãos católicos devem fazer da Palavra de Deus o seu pão de cada dia. Recordamos a célebre frase de São Jerónimo segundo a qual “a ignorância das Escrituras, é ignorância de Cristo”. Quem assume a leitura atenta e quotidiana da palavra de Deus descobre as respostas necessárias para encarar os desafios que a vida impõe. “Gostaria tanto que todos os cristãos pudessem aprender ‘a sublime ciência de Jesus Cristo’ (cfr Fil 3,8) por meio da leitura assídua da Palavra de Deus, pois o texto sagrado é alimento da alma e a fonte pura e perene da vida espiritual de todos nós” apela o Papa Francisco.
Os agentes de pastoral devem criar momentos de reflexão sólida sobre a doutrina e vida cristã alicerçados na Palavra de Deus. Nota-se o esforço de alguns em apenas condenar e combater as seitas, mas não criam raízes profundas para cimentar a fé dos seus condiscípulos. Assim, as “seitas religiosas” ou cristãs podem cooperar na elaboração de linhas mestras para uma pastoral de conjunto e ecuménica que favoreça mais coerência e caridade da fé e da vocação cristã.
É tarefa de todos e de cada um participar activamente na preparação da IV Assembleia Nacional de Pastoral, em curso em todas as Arquidioceses e dioceses de Moçambique, para que juntos, com fé e determinação, possamos encontrar caminhos para linhas pastorais factíveis para o homem de hoje.
Unidos na fé!
Pe Cantífula de Castro
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