“Educação, trabalho, diálogo entre as gerações”
“Educação, trabalho, diálogo entre as gerações”
Como podemos construir hoje uma paz duradoura? O Papa na Mensagem para o Dia Mundial da Paz, que celebramos no dia 1 de Janeiro, identifica três contextos de extrema actualidade sobre os quais reflectir e agir, três contextos e três percursos para construir uma paz resistente: “Educação, Trabalho, Diálogo entre as gerações: instrumentos para a construção de uma paz duradoura “.
Após o percurso da “cultura do cuidado”, proposto em 2021 para “erradicar a cultura da indiferença, do descarte e do conflito, que hoje muitas vezes parece prevalecer”, para este ano o Papa Francisco propõe uma leitura inovadora do tema da paz que responde às necessidades dos tempos atuais e futuros. O convite através deste tema é, portanto, “ler os sinais dos tempos com os olhos da fé, para que a orientação desta mudança desperte novas e velhas questões com as quais é justo e necessário confrontar-se”.
Por isso ao longo deste ano temos um TPC a fazer: partindo dos três contextos identificados, podemos responder às seguintes perguntas: como a instrução e a educação podem construir uma paz duradoura nas nossas comunidades? O trabalho no mundo responde mais ou menos às necessidades vitais de justiça e de liberdade dos seres humanos? As várias gerações são realmente solidárias entre si? Será que acreditam no futuro? E se e até que ponto o governo das sociedades consegue estabelecer, neste contexto, um horizonte de pacificação?
E assim, a sociedade moçambicana neste 2022, se verdadeiramente quer promover caminhos que a leve para uma paz verdadeira e duradoira, terá que implementar uma educação inclusiva, criando oportunidades de trabalho e emprego para todas as camadas sociais através dum diálogo sincero e honesto entre as várias gerações.
Não podemos esquecer que Moçambique precisa de paz se quiser desenvolver-se, não são suficientes os megas projectos internacionais de todos os tipos. E assim, parafraseando as palavras do Papa na sua mensagem, podemos afirmar que, se queremos paz e serenidade para todos os moçambicanos e, em particular, para o povo de Cabo Delgado, será preciso criar oportunidades de trabalho especialmente para a camada juvenil, e apostar numa educação de qualidade. Só assim, trabalhando unidos, chegaremos ao final deste ano novo com um cesto cheio de bons frutos.
As mudanças fazem bem
A pandemia do Coronavírus, que aflige o mundo inteiro desde 2020, está mesmo a mudar o comportamento da sociedade e o modo de pensar das pessoas e desafia cada um de nós para que aproveitemos destas mudanças para o bem comum e não para o seu contrário.
A este propósito o Papa Francisco afirma: “Tudo isto se reveste duma valência particular no nosso tempo, porque estamos a viver, não simplesmente uma época de mudanças, mas uma mudança de época. Encontramo-nos, portanto, num daqueles momentos em que as mudanças já não são lineares, mas epocais; constituem opções que transformam rapidamente o modo de viver, de se relacionar, de comunicar e elaborar o pensamento, de comunicar entre as gerações humanas e de compreender e viver a fé e a ciência. Muitas vezes acontece viver a mudança limitando-se a envergar um vestido novo e, depois, permanecer como se era antes” (Discurso à Cúria Romana por ocasião das saudações de Natal de 21 de Dezembro de 2019).
A grande tentação é mesmo aquela de, apesar de mudar de vestido, no fundo do nosso ser, ficarmos como antes! Não seja assim. Feliz e abençoado 2022.