Família para promoção da paz e do desenvolvimento
O dia 4 de Outubro de cada ano é a festa da paz no nosso país. Porem, a prevalência dos ataques em Cabo Delgado, que continuam a semear luto nas famílias;o caso das dívidas ocultas, a corrupção nos diferentes sectores do interesse humano e das violências domésticas, as calúnias, os conflitos pós-eleitorais na sequência de enchimento de urnas, os divórcios, etc. são reais ameaças à paz e ao desenvolvimento no nosso país.
Estamos numa sociedade doente, onde a paz e o desenvolvimento são ainda deficientes, num estágio incipiente. Entretanto, pouco se faz para reflectir sobre o contributo que cada família pode dar para a promoção da paz em Moçambique.
A família é acélula primeira e vital da sociedade. Na realidade, ela possui vínculos vitais e orgânicos com a sociedade, porque constitui o seu fundamento e alimento contínuo mediante o dever de serviço à vida. É da família que saem os cidadãos e na família encontram a primeira escola das virtudes sociais, que são o ponto força da vida e do desenvolvimento da sociedade. Ela contribui para a promoção da paz e do desenvolvimento na sociedade através da sua experiência de comunhão e de participação na vida social. Como primeira escola de sociabilidade, mediante o seu testemunho de vida, a harmonia entre os pais, a correção que estes fazem aos filhos quando estes estão errados, estimula neles as mais amplas relações comunitárias na mira do respeito, da justiça, do diálogo e do amor.
A educação ao trabalho doméstico prepara o homem para a sua capacidade laboral nos seus futuros compromissos sócio-laborais. “É de pequenino que se torce o pepino”, diz uma máxima popular.
Numa família onde os pais têm o hábito de se colocar sempre a favor dos filhos, de os encobrir, independentemente de estarem certos ou errados, perverte-se a personalidade deles como futuros membros da sociedade.
A falta de união no relacionamento, a vida sempre conflituosa no seio da família, influencia na personalidade social das crianças.
Quem manda os seus filhos para baterem numa criança da vizinhança, ou roubar um pouco de açúcar, não deve duvidar que está a formar os seus filhos para assaltantes e ladrões da sociedade. Se um filho comunica que o lápis que tem, o roubou na escola, não deve ser motivo de alegria, mas de tristeza; daí a necessidade de tomar medidas de cautela e repreensão. Os bandidos que agridem pessoas nas ruas, os que roubam, matam, às vezes são nossos primos, irmãos, filhos, netos, que bem conhecemos. Quando os encobrimos, estamos a minar a paz e o desenvolvimento da sociedade.
Enfim, a família é uma pequena sociedade dentro de uma grande sociedade. A paz e o desenvolvimento da sociedade em que vivemos, exigem a conversão das famílias. O mal-estar da sociedade é reflexo do mal-estar das famílias. Não é possível uma sociedade feliz, um mundo pacífico e desenvolvido sem famílias felizes, pacíficas e pacificadoras.
Pe. Serafim J. Muacua