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Independência é um caminho
Celebramos, neste mês, 47 anos da independência nacional. Um evento histórico que reveste de uma importância irreversível. Fruto da conquista dos moçambicanos que assumiram Moçambique como seu país, como pátria amada. Foi a 25 de Junho de 1975 que ela foi proclamada por Samora Moisés Machel. Foi ele quem declarou a retirada do colonialismo português que nos impunha o jugo de sofrimento. A independência significava o exercício de liberdade colectiva e individual. Hoje estamos livres do colonialismo português, mas ainda reféns do colonialismo nacional. Estamos num país rico em recursos naturais e culturais, mas com uma enorme dependência económica. Com uma população vivendo abaixo do nível de pobreza. Tudo porque as pessoas que se vêem no direito de usufruir os bens são as da elite, falta-se ao respeito o bem-comum. Vivem-se ainda as assimetrias políticas, sociais e económicas.
A independência, neste país, é ainda um caminho a percorrer na conquista contínua da liberdade individual e colectiva. É um “bebé” em gestação no ventre materno, sob vários riscos de aborto, por causa de ataques que se multiplicam em cada dia, reproduzindo refugiados e pobres. Falta muito para sermos independentes: independentes de ideologias mortais e corruptivas, da ansiedade e depressão que nos consomem violentamente, livres do medo de ser atacado por inimigos sem rosto, liberdade de expressão sem represálias; falta muito para sermos livres e independentes do lambebotismo, cabritismo, nos diferentes sectores do interesse público.
A independência é uma obra cuja realização depende do compromisso social e individual. Depende de todos nós e de cada um de nós. Ela exige de todos nós a audácia e a coragem de vencer o medo que representa um grande mostro psicológico. Humanamente falando, muitas vezes o medo aparece como um dos piores inimigos da liberdade humana. É o inimigo do progresso social e individual, pior ainda da independência. Um dos piores inimigos, monstros, que estão na base da destruição da independência é o medo do que os outros vão pensar ou dizer sobre si se fizer isto ou aquilo. O medo de errar é outra paralisia que ataca a independência moral na vida presente. É a mania de pensar que só os outros sabem melhor, e só eles acertam.
O “se não vão dizer que…” e o medo maníaco de errar levam uma pessoa a caminhar com muita hesitação, a fugir de responsabilidades sociais e religiosas, inibe a capacidade de criatividade nas comunidades de vida, paralisa a capacidade de tomar iniciativas, de dar opinião sobre alguma coisa, e de proceder com as correções fraternas.
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Pe. Serafim J. Muacua