“Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (2 Cor 8, 9)
“Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (2 Cor 8, 9)
No domingo 13 de Novembro celebramos o 6º Dia Mundial dos Pobres. O Papa Francisco teve muita coragem quando, em 2016, propus à toda a Igreja de celebrar a pobreza e quem a vive: pôr no centro das nossas atenções quem não tem o suficiente para viver, quem está ameaçado no seu direito fundamental que é a vida por falta de condições justas e mais humanas.
Agora pomo-nos à escuta da Sua mensagem para que cada, um assumindo um novo estilo de vida, possa responder as inúmeras pobrezas da hora actual concretizando assim o seu compromisso de solidariedade para com os irmãos necessitados.
Guerra fonte de pobreza
«Quantos pobres gera a insensatez da guerra! Para onde quer que voltemos o olhar, constata-se como os mais atingidos pela violência sejam as pessoas indefesas e frágeis (cf a guerra na Ucrânia e o terror em Cabo Delgado e Nampula).
Arregaçar as mangas
No caso dos pobres, não servem retóricas, mas arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através dum envolvimento directo, que não pode ser delegado a ninguém… Sabemos que o problema não está no dinheiro em si, pois faz parte da vida diária das pessoas e das relações sociais… Entretanto não se trata de ter um comportamento assistencialista com os pobres, como muitas vezes acontece; naturalmente é necessário empenhar-se para que a ninguém falte o necessário. Não é o activismo que salva, mas a atenção sincera e generosa que me permite aproximar dum pobre como de um irmão que me estende a mão para que acorde do torpor em que caí.
Testemunho de Jesus
A experiência de fragilidade e limitação, que vivemos nestes últimos anos e, agora, a tragédia duma guerra com repercussões globais, devem ensinar-nos decididamente uma coisa: não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz. A mensagem de Jesus mostra-nos o caminho e faz-nos descobrir a existência duma pobreza que humilha e mata, e há outra pobreza – a d’Ele – que liberta e nos dá serenidade.
Pobreza que mata
A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos. Quando a única lei passa a ser o cálculo do lucro no fim do dia, então deixa de haver qualquer freio na adopção da lógica da exploração das pessoas: os outros não passam de meios… É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída.
Pobreza que liberta
Ao contrário, pobreza libertadora é aquela que se nos apresenta como uma opção responsável para alijar da estiva quanto há de supérfluo e apostar no essencial. Encontrar os pobres permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para atracar àquilo que verdadeiramente importa na vida e que ninguém nos pode roubar: o amor verdadeiro e gratuito. Na realidade, os pobres, antes de ser objecto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade.
Oxalá este 6º Dia Mundial dos Pobres se torne uma oportunidade de graça, para fazermos um exame de consciência pessoal e comunitário, interrogando-nos se a pobreza de Jesus Cristo é a nossa fiel companheira de vida.