
JUNTOS, POR UMA PAZ DURADOIRA
Começamos mais um ano de actividades. Feliz 2021!
Talvez seria de desejar que não fosse tão dramático como o 2020. Não esqueçamos as tragédias humanas que herdámos directamente do ano passado: as centenas de milhares de deslocados e milhares de mortes no Norte; o medo e a violência no Centro de Moçambique; as fragilidades e as desconfianças no sistema político que provocam perseguição e intolerância em relação ao pensar diferente ou a impossibilidade da existência da sincera reconciliação quando no aparelho do Estado, nas empresas públicas, só é dirigente quem pertence ao partido governamental! Enfim, sempre que houver divisão, exclusão e injustiça social, sem diálogo, não haverá paz duradoira.
Que 2021 seja um ano de “nova normalidade”, além das normas preventivas para o combate ao coronavírus, também para alcançar uma PAZ duradoira. Por isso, para alcançar este objectivo, propomos o seguimento do caminho da Verdade, da construção da Paz Social e da garantia da participação de todos como protagonistas do desenvolvimento do País, como é proposto pelo Papa Francisco na Encíclica Fratelli Tutti.
“A verdade é uma companheira inseparável da justiça e da misericórdia. Se, por um lado, são essenciais – as três todas juntas – para construir a paz, por outro, cada uma delas impede que as restantes sejam adulteradas (…). De facto, a verdade não deve levar à vingança, mas antes à reconciliação e ao perdão. A verdade é contar às famílias dilaceradas pela dor o que aconteceu aos seus parentes desaparecidos. A verdade é confessar o que aconteceu aos menores recrutados pelos agentes de violência. A verdade é reconhecer o sofrimento das mulheres vítimas de violência e de abusos. (…) Cada ato de violência cometido contra um ser humano é uma ferida na carne da humanidade; cada morte violenta “diminui-nos” como pessoas. (…) A violência gera mais violência, o ódio gera mais ódio, e a morte mais morte. Temos de quebrar esta corrente que aparece como inelutável” (FT 227).
“Nunca está terminada a construção da paz social num país, mas é uma tarefa que não dá tréguas e exige o compromisso de todos. Uma obra que nos pede para não esmorecermos no esforço por construir a unidade da nação e – apesar dos obstáculos, das diferenças e das diversas abordagens sobre o modo como conseguir a convivência pacífica – persistirmos na labuta por favorecer a cultura do encontro que exige que, no centro de toda a acção política, social e económica, se coloque a pessoa humana, a sua sublime dignidade e o respeito pelo bem comum” (FT 232).
“A paz não é apenas ausência de guerra, mas o empenho incansável – especialmente daqueles que ocupamos um cargo de maior responsabilidade – de reconhecer, garantir e reconstruir concretamente a dignidade, tantas vezes esquecida ou ignorada, de nossos irmãos, para que possam sentir-se os protagonistas do destino da própria nação” (FT 233).
Esperamos que ao longo de 2021 esta “nova normalidade”, se torne cada vez mais em instrumento de vida abundante para todos!