MOÇAMBIQUE É UM PAÍS FEMININO
Estatísticas do último censo de 2017 apontam que a população moçambicana é maioritariamente do género feminino.
A presente edição rende homenagem à figura da mulher. A 8 de Março celebra-se o dia internacional da mulher e a 7 de Abril comemora-se o dia da mulher moçambicana. Estas duas balizas sustentam a dimensão feminina de Moçambique.
Num tempo em que o mundo luta pela equidade de género, torna-se imperioso que a luta pelos mesmos direitos não seja desvirtuada e suplantada pela hegemonia e supremacia feminina. Pois, em várias situações temos notado que a equidade de género confunde-se sobremaneira com a inferiorização dos homens. O desejo é que homens e mulheres vivam, convivam e trabalhem sem discriminação porque criados à imagem e semelhança de Deus.
Entretanto, a autonomia e a independência económica têm levado algumas mulheres a humilhar, rebaixar e difamar os homens. Muitos lares, em Moçambique, carregam a nódoa da incompreensão, brigas, discórdias, desunião, ódio, falta de diálogo, falta de paz e harmonia, ingerência e até mesmo elevado nível de divisionismo. Dividem-se as camas, dividem-se as machambas, dividem-se os bens e panelas, dividem-se os filhos, dividem-se os amigos, mas continuam a morar na mesma casa.
Assim, ao reflectirmos sobre a figura da mulher, queremos igualmente trazer a imagem materna de Deus. Aliás, “a bondade, o amor e a ternura de Deus se comparam com a mulher” como dissera Yoann Boyer by Unsplash.
Não só, em 2018, a cantora do Milénio, Elza Soares quis patentear o seu terceiro álbum com o título “Deus é mulher”. A música já em seu início pontua que Deus é mãe de todas as ciências femininas. Já na década de 1980 várias teólogas começaram a afirmar que Deus é Pai, mas também é Mãe. Fazendo imersão nas personagens femininas presentes nas Escrituras, essas teólogas constataram que nem sempre as mulheres na bíblia exerceram papel de submissão, sendo essa submissão nada mais do que uma perversão teológica do judaísmo tardio/pós-exílico.
Como Elza Soares, a própria narrativa bíblica dá margens para essa interpretação (Isaías 66,13; 49,15; Salmo 25,6; 115,5 afirma-se que Deus é incapaz de se esquecer do filho de suas entranhas. Jo 1,18 fala que ninguém viu a Deus. Somente o Filho unigénito que está no seio do Pai”.
Assim também, a bondade, o amor e a ternura de Deus se comparam com a mulher moçambicana que deve se engajar na promoção da paz, harmonia, bem-estar e concórdia. Pois, afirmar a feminilidade de Moçambique é apontar que essa marca eleva a superioridade do país e confunde os que querem dominar ideologicamente, via a cultura machista-patriarcal e misógina. Nesse sentido, pode-se entender a oração de Jesus em Mt 11,25, quando louva ao Senhor do céu e da terra por revelar o Evangelho aos pequeninos.
Devemo-nos empenhar a construir um país capaz de entranhar no seu seio as qualidades maternas de Deus e permitir que as virtudes femininas (reconhecidas) incrementem o pendor da Pátria Amada.
Unidos na Fé!
Cantífula de Castro