O pior inimigo da vitória, inimigo sem rosto
O mês de Setembro é recheado de acontecimentos profundos na história moçambicana. Sim, cada comemoração com respectiva data que impõe em nossa memória realidades marcantes.
A 07 de Setembro de 1974 foram assinados na capital da Zâmbia, entre o Estado Português e a Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO), os Acordos de Luzaka. Acordo em que o Estado Português reconheceu ao povo moçambicano o direito de independência.
Foi a 25 de Setembro de 1964 que Moçambique, liderado por homens e mulheres, lutou contra o colonialismo português na conquista da Independência Nacional. Caminhada longa e árdua cujo brilho foi presenteado com a proclamação da Independência Nacional, a 25 de Junho de 1975.
O percurso histórico da vida humana na história da salvação sempre conheceu momentos de derrotas e vitórias, avanços e retrocessos. Para dizer que não fomos primeiros, menos ainda últimos, na escala de sofrimentos.
O povo de Israel já esteve na escravidão no Egipto, nas mãos de faraó, e no cativeiro da Babilónia: “Junto aos rios da Babilónias nós nos sentamos e choramos, com saudade de Sião. Ali os nossos captores pediam-nos canções, os nossos opressores exigiam canções alegres, dizendo: cantem para nós uma das canções de Sião” (Sl 137,1.3).
Mas a mão de Deus não faltou chamar Moisés para fazer atravessar o povo a pé enxuto o Mar Vermelho.
Também na nossa vida quotidiana, precisamos de nos libertar de muitas amarras da vida: ataques físicos, psicológicos e morais. Não é pouco o drama que se vive nas famílias do tempo actual, homens e mulheres vivendo um colonialismo, mais precisamente auto-colonialismo.
Entre os vícios de destaque que destroem as nossas famílias hoje, e que são expressão viva de auto-colonialismo, está:
1. O ciúme selvagem: o desconfiar de tudo e de todos como pretexto de traição;
2. A falta de atenção, quando o homem pouco se importa da esposa e quando ela pouco se importa do esposo;
3. Relação de cobrança, quando um dos parceiros vê no outro sua fonte de riqueza financeira. O conceber o casamento como indústria salina, dinheiro, estabelecendo na família uma relação tipo cobrador-passageiro, polícia camarária-vendedor;
4. O alcoolismo, que fragiliza a capacidade amorosa, o cuidado de vida de um pelo outro;
5. O querer ter razão em tudo, o que mata a capacidade de reconhecer a própria fraqueza e pedir desculpas, já que todos erramos.
A vitória de tudo isto exige batalha, conquista e sacrifício. Sobretudo impõe a cada um de nós identificar o rosto do seu inimigo, aquilo que lhe marca retrocessos de vitória. Aliás, na vida humana, o pior de todos os inimigos é o inimigo sem rosto.